Sistemas auto-organizados e Conatus:
Paralelos entre Henri Atlan e Spinoza
DOI:
https://doi.org/10.52521/conatus.v16i27.14923Palavras-chave:
Sistemas auto-organizados. Teoria da autoconservação. Conatus. Atlan. Spinoza.Resumo
Este trabalho estabelece um diálogo entre o biofísico Henri Atlan e o filósofo seiscentista Benedictus de Spinoza. A análise traça um paralelo entre a teoria de autoconservação de Atlan e o conceito spinozano de conatus, considerado a essência atual da própria coisa, ou melhor, o esforço para perseverar em seu ser. Ao fazer uso de um referencial múltiplo, Atlan investiga a relação entre a auto-organização, no sentido moderno, e o processo de perseverar no ser em Spinoza. Os sistemas auto-organizados são um modo de descrever uma das propriedades dos organismos, ou seja, sua capacidade de auto-organizarem-se. O que implica dizer que o organismo humano, assim como outros organismos vivos, é um sistema auto-organizado. Posto isto, ousa-se afirmar que a auto-organização, aqui pensada como a natureza inteira, nada mais é que a causa de si mesmo, ou como diria Spinoza, a própria essência das coisas enquanto inseparáveis uma das outras. O esforço de perseveração no ser em Spinoza consiste na conservação da capacidade de ser ativo do indivíduo, o que implica em um esforço de aumento da sua potência de agir e de pensar (conatus). Portanto, seguindo as percepções de Atlan (2003), o conatus, enquanto desejo de devir ou desejo de perseverar no ser, é um esforço de permanecer em um estado dinâmico que, por sua vez, desenvolve-se por meio da dinâmica dos encontros. O mesmo ocorre nas estruturas de funcionamento e desenvolvimento dos organismos.
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