A ARTE ATRÁS DO PALCO
CAMINHOS DOMÉSTICOS DO CANTADOR JOÃO SIQUEIRA DE AMORIM E A MEMÓRIA DE DONA RAIMUNDA SIQUEIRA DE AMORIM
Mots-clés :
História Oral, Memória, Sensibilidades, Trajetória de vida, Culturas popularesRésumé
Este artigo é fruto do trabalho de uma pesquisa maior, produzida durante minha participação em bolsas de iniciação científica sobres culturas populares e cantoria nordestina, que resultou no meu trabalho de conclusão de curso em História, pela Universidade Estadual do Ceará, em 2016. A saber, a monografia é intitulada “Os Caminhos da Vida de João Siqueira de Amorim: construção do cantador-narrador da cantoria imaginada (1947-1967)”. O que será apresentado, aqui, é um fragmento que nos conduziu a reflexões importantes sobre a trajetória de vida do cantador, reveladas no “quente” do fazer fazendo. A partir, sobretudo, do desejo de investigar o não-dito pelo cantador Siqueira de Amorim em seus escritos público jornalístico-literários. Mapear o “campo doméstico” - oportunamente omitido das suas crônicas publicadas em periódicos da época - e escutar quem conviveu e contribuiu para a construção da trajetória profissional de Siqueira, elevou a investigação a uma maior complexidade de análise e garantiu novos contornos àquilo que já estava catalogado enquanto fonte primária. Faltava a memória viva, a fala envelhecida pelo tempo, a constatação da seletividade do que foi experienciado. Revelou-se fundamental, portanto, apropriarmo-nos da entrevista feita com a senhora Raimunda Mariano de Amorim, esposa do cantador João Siqueira de Amorim, para compreendermos as minúcias e sensibilidades da historicidade do nosso objeto. O percurso para as possibilidades interpretativas de suas escolhas e subjetividades ficou mais nítido ao assumirmos a necessidade de documentar o registro oral e mnemônico da viúva. Lançamos mão, aqui, das contribuições sugeridas pela História Oral como ferramenta que nos permitiu expandirmos o aporte metodológico e teórico a partir do qual analisamos a trajetória de vida desse “narrador de cantorias” que não costurou seu caminho sozinho. Pelo contrário, contou com a participação discreta, ainda que fortemente engajada de sua, então, esposa para sustentar a dureza encontrada nos bastidores do fazer artístico de João Siqueira, sobre os quais não houve nenhum holofote.
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