PAPILAS MODERNISTAS:
ALTERIDADE E IDENTIDADE NACIONAL NO DIÁRIO DE VIAGEM O TURISTA APRENDIZ, DE MÁRIO DE ANDRADE
Mots-clés :
Mário de Andrade, relatos de viagem, identidade nacional, Amazônia, Modernismo brasileiro.Résumé
Relatos de viagem são textos privilegiados para o estudo das percepções sobre a alteridade e, a partir destas, para a manifestação e reflexão por parte do escritor-viajante sobre a sua identidade. Procuramos identificar o estabelecimento de tais relações n’O Turista Aprendiz, diário de viagem do escritor modernista brasileiro Mário de Andrade durante sua excursão pelo rio Amazonas, em 1927. Na obra, as considerações de Andrade sobre si e sobre o outro buscam, com humor, problematizar o eurocentrismo, bem como estão atreladas à preocupação do autor com as questões da identidade e da cultura nacionais. Tal interesse direciona a observação do poeta à cultura material, à música, às variantes linguísticas e à alimentação amazônicas. Sustentamos que os escritos do diário deixam entrever a importância da experiência da viagem à Amazônia para a forja da concepção, por parte de Mário, da brasilidade como um fenômeno cultural sincrético, pluralista e atinente à experiência popular cotidiana. Assim, acreditamos que não é adequado considerar os discursos presentes n’O Turista Aprendiz como mero reflexo do Modernismo marioandradiano. Este também teria sido moldado pelo que Mário viu, ouviu, provou, conversou e refletiu na Amazônia.
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