PARA ALÉM DO APOIO AO PAN-AMERICANISMO:

AS REPRESENTAÇÕES DA DIPLOMACIA BRASILEIRA NO CONTINENTE AMERICANO CONTIDAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO BRASIL E HISTÓRIA DA AMÉRICA DE ANTÔNIO JOSÉ BORGES HERMIDA E JOAQUIM SILVA

Autores

  • Felipe Augusto dos Santos Vaz UNIFESP

Palavras-chave:

livros didáticos, pan-americanismo, política externa brasileira

Resumo

Objetos de cultura que podem ser interpretados como importantes ferramentas na normalização da cultura, os livros didáticos carregam consigo um expressivo conjunto de representações da realidade que, por sua vez, buscam legitimar determinados sentidos sobre o vivido. Tais sentidos mobilizam determinadas memórias – que, para além de viabilizar os vínculos entre o passado e o presente, possibilitam a construção e legitimação das identidades. Estas, fundamentadas por uma série de normas comportamentais, buscam efetivar certas práticas cotidianas que, por seu turno, se encontram intrinsecamente ligadas às intencionalidades que regem projetos identitários específicos – como, por exemplo, o pan-americanismo. Corolário do republicanismo norte-americano, o projeto em questão influenciou significativamente a política externa do Brasil – que intentou, desde o final do Dezenove, alinhar-se à lógica estadunidense. Tal estreitamento levou o país a autodeclarar-se como uma importante nação no continente – um “gigante americano”. Frente  a estas considerações, pontua-se que a pesquisa que ora se apresenta toma com finalidade promover algumas reflexões a respeito das relações entre a política externa brasileira e o pan-americanismo nos anos 50, buscando compreender seus reflexos na construção das representações sobre a atuação brasileira no cenário continental presentes nos livros didáticos de História que circularam no período em questão.

Biografia do Autor

Felipe Augusto dos Santos Vaz , UNIFESP

Mestrando em História pela Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). E-mail: fevaz18@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3498-8822 E-mail: fevaz18@gmail.com

Referências

APPIAH, Kwame Anthony. Identidade como problema. In: SALLUM JÚNIOR, Brasílio et al. (org). Identidades. São Paulo: EDUSP, 2018. pp. 17-32.

ARAUJO, Rafael Pinheiro de; ALONSO, Rafael Affonso de Miranda. As relações entre Estados Unidos e América Latina (1889-1930): da Primeira Conferência Pan-Americana ao anti-imperialismo latino-americano. Revista Eletrônica da ANPHLAC, n. 25, pp. 135-160, 2018.

ARÓSTEGUI, Julio. La historia vivida: sobre lahistoriadel presente. Madrid: Alianza Editorial, 2004.

BETHELL, Leslie. O Brasil e a idéia de “América Latina” em perspectiva histórica. Estudos históricos, v. 22, n. 44, pp. 289-321, 2009.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 10. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994. v.1.

CHARTIER, Roger.A história cultural entre práticas e representações. 2. ed. Lisboa: Difusão Editora, 2002.

______. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos VIV e XVIII. 2. ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1998.

COHN, Gabriel. Identidades problemáticas. In: SALLUM JÚNIOR, Brasílio et al. (org). Identidades. São Paulo: EDUSP, 2018. pp. 33-39.

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república:momentos decisivos. 6. ed. São Paulo: Editora Unesp, 1999.

FERRERAS, Norberto Osvaldo. El Panamericanismo y otras formas de relaciones internacionalesenlas Américas enlasprimeras décadas delSiglo XX. Revista Eletrônica da ANPHLAC, v. 15, p. 155-174, 2013.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

HERMIDA, Antonio José. História da América: 2ª série: curso ginasial. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.

______. História do Brasil: para a primeira série do ginasial. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.

LACERDA, Jan Marcel de Almeida Freitas; FREITAS, Jeane Silva de. A atuação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e de sua burocracia internacional na defesa da democracia no continente americano. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 12, n. 2, pp. 176-194, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.5216/sec.v21i2.56320. Acesso em: 28 jul. 2019.

LAVILLE, Christian. A guerra das narrativas: debates e ilusões em torno do ensino de História. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 19, n. 38, pp.125-138, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbh/v19n38/0999.pdf. Acesso em: 28 abr. 2017.

MINELLA, Jorge Lucas Simões. A segunda Guerra Mundial e o Pan-americanismo brasileiro. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História - ANPUH. São Paulo, 2011.

SILVA, Joaquim.História da América: para a segunda série do ginasial. 23. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1954.

______. História do Brasil: para a primeira série do ginasial.44. ed. São Paulo: CompanhiaEditora Nacional, 1956.

TULCHIN, Joseph S. América Latina x Estados Unidos: uma relação turbulenta. São Paulo: Contexto, 2016.

Publicado

2023-08-27

Como Citar

DOS SANTOS VAZ , F. A. PARA ALÉM DO APOIO AO PAN-AMERICANISMO:: AS REPRESENTAÇÕES DA DIPLOMACIA BRASILEIRA NO CONTINENTE AMERICANO CONTIDAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO BRASIL E HISTÓRIA DA AMÉRICA DE ANTÔNIO JOSÉ BORGES HERMIDA E JOAQUIM SILVA. Revista de História Bilros: História(s), Sociedade(s) e Cultura(s), [S. l.], v. 10, n. 21, p. 24, 2023. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/bilros/article/view/11329. Acesso em: 11 out. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS