Populismo e ciências sociais brasileiras:

desafios teóricos e metodológicos

Autores

  • Fabio Gentile Doutor em Filosofia e Política pela Universidade "L'Orientale" de Nápoles - UniOr, Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFC e Professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UECE https://orcid.org/0000-0001-5746-8008

DOI:

https://doi.org/10.32335/2238-0426.2020.10.24.2674

Palavras-chave:

populismo, era vargas, trabalhismo, bolsonarismo

Resumo

Ao longo do caminho trilhado para obter os resultados mais significativos no debate pertinente, este artigo proporciona um panorama analítico, histórico-crítico e metodológico, embora não exaustivo, dos usos (e também dos abusos) do conceito de populismo nas ciências sociais brasileiras – tendo em vista que estas constituem um verdadeiro laboratório da apropriação latino-americana do populismo. Se, por um lado, o debate brasileiro incorpora todos os pontos fortes e fracos do debate europeu e norte-americano sobre o populismo, a adoção desse conceito no pensamento político-social brasileiro, por outro lado, deve atender a algumas necessidades específicas, a partir das primeiras teorias sobre o povo “amorfo”, entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, passando pela análise do ciclo nacional-desenvolvimentista da “Era Vargas” (no período de 1930 a 1964), até chegar à recuperação desse conceito nas últimas décadas, para definir o fenômeno do “lulismo” e, sobretudo, o chamado “bolsonarismo”, já no século XXI.

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Publicado

2020-01-20

Como Citar

Gentile, F. (2020). Populismo e ciências sociais brasileiras:: desafios teóricos e metodológicos. Conhecer: Debate Entre O Público E O Privado, 10(24), 49–65. https://doi.org/10.32335/2238-0426.2020.10.24.2674

Edição

Seção

Dossiê