A participação de mulheres negras nas eleições municipais de Umarizal-RN
DOI:
https://doi.org/10.32335/2238-0426.2025.15.34.14450Palavras-chave:
eleições, sub-representação feminina, violência política de gênero, mulheres negrasResumo
Este artigo identifica a participação da mulher negra na política de Umarizal-RN e sua interface com a violência política de gênero. A Lei n. 14.192/2021 considera violência política de gênero toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir ou restringir os direitos políticos femininos. A hipótese desta pesquisa preconiza a incidência e prevalência dessa violência, especialmente quando se cruzam os indicadores sociais que apontam que as desigualdades mais acentuadas recaem sobre as mulheres negras. Para fins metodológicos, realizaram-se tanto um levantamento dos dados quantitativos disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto entrevistas semiestruturadas com 3 candidatas do município selecionado para a pesquisa. Esta se justifica pelo fato da violência política de gênero ser um dos fatores para a reduzida presença feminina na política, indica a Organização das Nações Unidas (ONU); no Brasil, as mulheres representam 53% do eleitorado, no entanto, sua baixa representação em espaços institucionais é persistente, o que denota um ambiente preponderante masculino, propício à violência política em qualquer fase do ciclo eleitoral. Ao se interseccionarem essas desigualdades com a participação da mulher negra, mostra-se ainda mais evidente uma constante tentativa de mitigar a participação feminina e deslegitimar sua raça/cor. A esfera política de Umarizal escancara tal realidade, pois em 2004 e 2008 nenhuma mulher se candidatou para o Poder Executivo e em 2008 apenas 4 negras se candidataram para o Poder Legislativo.
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