Educação Permanente em Saúde

reflexões acerca do programa de residência multiprofissional em atenção à saúde cardiovascular no Hospital Universitário do Maranhão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52521/opp.v22n47.13987

Resumo

O Sistema Único de Saúde é um marco histórico em nosso país. No entanto, apesar de todos os avanços, encontra-se distante da proposta ambicionada pela Reforma Sanitária. Destaca-se como impasse, o modo como se organizam os processos de trabalho no cotidiano dos serviços de saúde. A vista disso, tem-se a Educação Permanente em Saúde (EPS) apontada como importante estratégia a ser desenvolvida nas Residências Multiprofissionais em Saúde, que visa contribuir com a qualificação e a transformação das práticas, por meio da formação articulada com ensino e serviço. Dessa forma, objetiva-se analisar os padrões e as tendências da EPS presentes no cotidiano dos residentes da área de atenção à saúde cardiovascular no Hospital Universitário do Maranhão. A investigação apoiou-se no método do materialismo histórico-dialético, abordagem qualitativa, por meio de entrevista semiestruturada e questionário eletrônico aplicado com os residentes, dos anos de 2020 a 2024, contabilizando 14 profissionais. Verificou-se que a EPS discute a educação no trabalho e provoca o sentido ético-político dos sujeitos. No entanto, os fundamentos e a implementação da EPS enfrentam limitações ao priorizar o trabalhador como elemento de mudança, desconsiderando as contradições do capitalismo. Diante disso, é essencial a compreensão da EPS em uma perspectiva que considere diversos fatores e contextos.

Biografia do Autor

Suerly Ferreira Melo, Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão

Assistente Social graduada pela Universidade Federal do Piauí. Especialista em Atenção Cardiovascular pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário do Maranhão e Mestranda em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão.

Mariana Cavalcanti Braz Berger, Universidade Federal do Maranhão

Professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Maranhão com graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual da Paraíba e mestrado e doutorado em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão

Referências

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho. 16. ed. São Paulo: Cortez, 2018.

BERNARDO, Mariana da Silva et al. A formação e o processo de trabalho na Residência Multiprofissional em Saúde como estratégia inovadora. Revista Brasileira de Enfermagem, Florianópolis, v. 73, n. 6, p. 1-5, 2020.

BORGES, Ângela Maria C. Mercado de trabalho: mais uma década de precarização. In: DRUCK, Graça; FRANCO, Tânia. (org.). A perda da razão social do trabalho: terceirização e precarização. São Paulo: Boitempo, 2007. p. 81-93.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

BRASIL. Ministério da Educação. Hospital Universitário da UFMA: histórico de competência e referência. Brasília, 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, Gerência de Ensino e Pesquisa, Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde. Manual do residente. São Luís/MA, 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. A trajetória da residência multiprofissional em Saúde no Brasil. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Residência multiprofissional em saúde: experiências, avanços e desafios. Brasília, 2006. p. 11-16.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Princípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS (NOB/RH–SUS). Brasília, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS/OMS. Brasília, 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política de educação e desenvolvimento para o SUS: caminhos para a educação permanente e pólos de educação permanente em saúde. Brasília, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Reconhecer a produção local de cotidianos de saúde e ativar práticas colaborativas de aprendizagem e de entrelaçamento de saberes. Biblioteca Virtual em Saúde, Brasília, 2014. p. 1-4.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Caminhos para a mudança da formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde: diretrizes para a ação política para assegurar Educação Permanente no SUS. Brasília, 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento?. Brasília, 2018.

BRAVO, Maria Inês S. Política de saúde no Brasil: reforma sanitária e ofensiva neoliberal. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS DAS AMÉRICAS-SISTEMAS DE PODER, PLURICULTURALIDADE E INTEGRAÇÃO, 2., 2010, Rio de Janeiro. Anais Eletrônicos [...] Rio de Janeiro, 2010. p. 1-12. Disponível em: https://ts.ucr.ac.cr/binarios/congresos/reg/slets/slets-019-187.pdf Acesso em: 24/mar/2023.

CAMPOS, Euler Antonio. Residência Multiprofissional em Saúde: Qualificação ou Precarização da Formação em Saúde?. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 16., 2019, Brasília. Anais Eletrônicos [...] Brasília, 2019. p. 2-12. Disponível em: https://broseguini.bonino.com.br/ojs/index.php/CBAS/article/view/1693 Acesso em: 04/abr/2023.

COELHO, Márcia Oliveira; JORGE, Maria Salete B. Tecnologia das relações como dispositivo do atendimento humanizado na atenção básica à saúde na perspectiva do acesso, do acolhimento e do vínculo. Ciência & Saúde Coletiva, Fortaleza, v. 14, n.1, p. 1523-1531, 2009.

COLOMBO, Andréa; BERBEL, Neusi Aparecida. N. A metodologia da problematização com o Arco de Maguerez e sua relação com os saberes de professores. Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 28, n. 2, p.121-146, 2007.

FEUERWERKER, Laura Camargo M. Além do discurso de mudança na educação médica: processos e resultados. Rio de Janeiro: Hucitec, 2002.

FEUERWERKER, Laura Camargo M. Micropolítica e saúde: produção do cuidado, gestão e formação. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2014.

GARRAFA Volnei, CORDÓN Jorge. Determinantes sociais da doença. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 33, n. 83, p. 388-396, 2009.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

HELENA, Moara M Sant’ et al. Da reforma sanitária às privatizações: discutindo a saúde pública brasileira. In: CONGRESSO CATARINENSE DE ASSISTENTES SOCIAIS. 2013, Florianópolis. Anais Eletrônicos [...] Florianópolis, 2013. Não paginado. Disponível em: https://cress-sc.org.br/wp-content/uploads/2014/03/Da-Reforma-Sanit%C3%A1ria-%C3%A0s-Privatiza%C3%A7%C3%B5es-discutindo-a-sa%C3%BAde-p%C3%BAblica-brasileira.pdf Acesso em: 22/abr/2023.

KUENZER, Acácia Zeneida. Sob a reestruturação produtiva, enfermeiros, professores e montadores de automóveis se encontram no sofrimento do trabalho. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 107-119, 2004.

LEMOS. Cristiane Lopes S. Educação Permanente em Saúde no Brasil: educação ou gerenciamento permanente ?. Ciência & Saúde Coletiva, Goiânia, v. 21. n.3, p. 913-922, 2016.

LIMA, Júlio C. França. Neoliberalismo e Formação Profissional em Saúde. Trabalho Necessário, Niterói, v. 5, n. 5, p. 1-16, 2007.

LOBATO, Carolina P. Formação dos trabalhadores de saúde na residência multiprofissional em saúde da família: Uma cartografia da dimensão política. 2010. 117p. Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva. Universidade Estadual de Londrina. Londrina, 2010.

MATTA, Gustavo C; MOROSINI, Márcia V. G. Atenção à Saúde. In: PEREIRA, Isabel B; LIMA, Júlio C. F. (org.). Dicionário da Educação Profissional em Saúde. 2.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008. p. 39-44.

MERHY, Emerson Elias. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde. In: Merhy EE, Onocko R. (org.). Agir em saúde: um desafio para o público. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2007.

MERHY, Emerson Elias. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.

MINAYO, Maria Cecília S. O Desafio da Pesquisa Social. In: MINAYO, Maria Cecília S (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 33. ed. Petrópolis: Vozes, 2013, p. 09-30.

MOREIRA, Marco Antonio. O que é afinal aprendizagem significativa? Qurriculum, La Laguna, v. 25, p. 29-56, mar 2012. Disponível em: http://moreira.if.ufrgs.br/oqueeafinal.pdf Acesso em: 24/out/2023.

MUNIZ, Mariana C Soares; NUNES Thátila C. Ideologia Neoliberal e a sua incidência na Assistência Social: identificação de tendências. In: JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. 7., 2015, São Luís. Anais Eletrônicos [...] São Luís, 2015. Não paginado. Disponível em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2015/pdfs/eixo14/ideologia-neoliberal-e-incidencia-na.pdf Acesso em: 02/dez/2023.

PARENTE, José Reginaldo F. Preceptoria e Tutoria na Residência Multiprofissional em Saúde da Família. SANARE, Sobral, v. 7, n. 2, p. 47-53, 2008.

RAMOS, Marise Nogueira. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação?. São Paulo: Cortez, 2001.

RODRIGUES, Terezinha F. Residências multiprofissionais em saúde: formação ou trabalho?. Serviço Social & Saúde, Campinas, v. 15, n. 1, p. 71-82, 2016.

SARRETA, Fernanda de Oliveira. Educação permanente em saúde para os trabalhadores do SUS. São Paulo: UNESP, 2009.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Fundamentos Ético-Políticos da Educação no Brasil de Hoje. In: LIMA, Júlio C. F, NEVES, Lúcia M. W. (org.). Fundamentos da educação escolar do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2006, p. 289-320.

SILVA, Leticia Batista. Residência Multiprofissional: notas sobre uma formação através do trabalho em saúde. Libertas Online, Juiz de Fora, v. 20, n. 1, p. 140-158, 2020.

SIMÃO, Antônio Felipe et al. I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 101, n. 6, p. 02-52, 2013. Supl. 2.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Aumenta o número de mortes por doenças cardiovasculares no primeiro semestre de 2021. 2021. Disponível em: https://www.portal.cardiol.br/br/post/aumenta-o-n%C3%BAmero-de-mortes-por-doen%C3%A7as-cardiovasculares-no-primeiro-semestre-de-2021 Acesso em: 13/mar/2023.

VIEIRA, Mônica et al. Análise da política nacional de educação permanente em saúde: um estudo exploratório dos projetos aprovados pelo Ministério da Saúde. In: PEREIRA, Isabel Brasil; DANTAS, André Vianna (org.). Estudos de politecnia e saúde. vol 3. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008. p. 103-124.

Downloads

Publicado

2024-12-23

Como Citar

FERREIRA MELO, S.; CAVALCANTI BRAZ BERGER, M. Educação Permanente em Saúde: reflexões acerca do programa de residência multiprofissional em atenção à saúde cardiovascular no Hospital Universitário do Maranhão. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 22, n. 47, p. 174–195, 2024. DOI: 10.52521/opp.v22n47.13987. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/13987. Acesso em: 21 abr. 2025.