A inferência existencial do redondo na função do habitar

ALISON, Aurosa - "L'inférence existentielle du rond dans la fonction de l'habiter"

Resumo

Gostaríamos de prestar uma homenagem a Madame Perrot, contribuindo para este estudo dedicado à interpretação das imagens, com uma releitura de algumas passagens de O simbolismo da roda [Le Symbolisme de la Roue]. A propósito, a imagem da roda nos remete a uma fenomenologia do redondo, bem presente em A poética do espaço [La Poétique de l'Espace] de Gaston Bachelard, assim como aos conceitos existenciais de uma ontologia do habitar. Ao mesmo tempo, as referências ao trabalho de Martin Heidegger, Construir Habitar Pensar, aumentam a importância do conceito do habitar em relação ao conceito do ser. É por isso que esses dois textos sugerem uma visão homogênea da função de habitar, em relação às imagens do redondo, em que o arquétipo do redondo nos remete às imagens do refúgio e do ser íntimo. Em um primeiro parágrafo, gostaríamos de destacar as conexões entre a fórmula usada por Karl Jaspers e retomada por Gaston Bachelard n'A poética do espaço: "Dasein ist rund", "O ser é redondo", e o valor arquetípico da roda, analisado por Maryvonne Perrot em O simbolismo da roda. Em um segundo parágrafo, gostaríamos de analisar mais detalhadamente a crise de habitação destacada por Heidegger através dos dois conceitos de habitar e de construir: "Habitar e construir estão, um para o outro, na relação entre fim e meio". Em um terceiro parágrafo, gostaríamos de refletir sobre as sutilezas do habitar íntimo que sugere a imagem primordial do redondo. Ou seja, as imagens do redondo nos oferecem diversas leituras da mesma questão, a começar das imagens do refúgio e da lareira, até as imagens primitivas e naturais do ninho, da concha e dos cantos. É através de uma fenomenologia do redondo que a crise do habitar pode encontrar diferentes soluções, a partir de uma leitura da identidade íntima, tanto do habitar como da moradia. Reaprendendo a habitar, reaprendemos a ser.