Giordano Bruno diante do espelho
A ceia de cinzas
DOI:
https://doi.org/10.23845/kalagatos.v17i1.6364Palavras-chave:
Autorretrato, Imagem, MemóriaResumo
Resumo: Giordano Bruno (1548 – 1600) é um pensador que usa o recurso autobiográfico em várias obras, especialmente nos textos publicados em italiano entre os anos de 1584 a 1586. O recurso ao gênero autobiográfico ou do autorretrato está presente na obra de vários intelectuais entre o período Renascentista e a Modernidade. Neste artigo investigamos o uso dessa técnica na obra A ceia de Cinzas publicada em 1584. Neste texto Bruno é o personagem principal, mas ele participa da trama de modo indireto, ou seja, as ações e acontecimentos nos quais está envolvido são narrados por um dos personagens, Teófilo, o seu porta-voz. No início dos diálogos, Teófilo ao ser indagado sobre quem é Bruno, responde que é alguém “tão próximo de mim quanto eu mesmo” (BRUNO, 2012, p. 27). Ao longo do texto apresenta várias imagens de si mesmo: escolhido pelos deuses, destemido, humilde. Nossa investigação teve como ponto de partida indagar sobre quanto de verdade essas autodescrições continham, se correspondiam à verdade ou se eram apenas um recurso literário em Bruno. Identificamos que apesar de vários fatos relatados apresentados sobre a sua trajetória pessoal serem verdadeiros, Bruno não utiliza a autobiografia para expor a sua história de vida num primeiro plano, mas para apresentar a sua filosofia, num debate constante com a tradição filosófica em particular a aristotélica. A auto representação não é uma construção uniforme, que ao longo dos textos, Bruno se apresenta e se deixa conhecer, mas é possível identificar uma pluralidade de representações, talvez porque a intenção de Bruno não seja apresentar-se como indivíduo, mas como filósofo que tem uma missão a ser realizada, que não passa necessariamente pela relação entre existência, obra e escrita.
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Referências
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