Um sentimento da infância em Spinoza
Palavras-chave:
Criança. Infância. Ingenium. Descoberta de si. Contentamento.Resumo
Este artigo pretende reavaliar a ideia básica de que a infância seria, para Spinoza, inevitavelmente uma fase de tristeza e miséria. O próprio filósofo parece julgar assim, mas em coerência com o todo do sistema de Spinoza, devemos afirmar que a criança inevitavelmente experimenta uma alegria ao descobrir sua própria potência. Além disso, buscamos delinear um sentimento ou regime de afetividade próprio da infância, em oposição àquele do adulto. Para tanto, interpretamos um comentário de Spinoza sobre o quase “equilíbrio” do corpo infantil como uma diferença constitutiva – isto é, de ingenium – em relação ao adulto, que torna a criança mais suscetível a experimentar afetos relativos ao corpo como um todo (contentamento e melancolia) em vez de afetos localizados (excitação e dor).