O conceito de Liberdade na Ética de Benedictus de Spinoza

Autores

  • Emanuel Angelo da Rocha Fragoso Universidade Estadual do Ceará - UECE

Palavras-chave:

Benedictus de Spinoza. Ética. Philosophia. Vontade. Liberdade.

Resumo

Na obra maior de Benedictus de Spinoza, sua Ética, a delimitação do universo ontológico, além de discernir os elementos constituintes de sua Philosophia em geral, resulta também como que numa moldura conceitual para o principal tema de sua ética: a liberdade. Com o intuito de explicitarmos as relações entre a ontologia spinozista e o conceito de liberdade, ressaltando a importância deste conceito para o sistema de Spinoza em geral e sua especificidade dentro da Ética, em particular, explicitaremos o conceito de liberdade nesta obra: a Definição 7 da Parte 1. Nesta definição, composta de duas partes distintas, Spinoza irá opor “coisa livre” (res libera) e “coagida” (coacta), consistindo a primeira naquela que “existe exclusivamente por necessidade de sua natureza e por si só é determinada a agir” e a segunda, “o que é determinado por outra coisa a existir e a operar de certa e determinada maneira”. A seguir, procederemos à análise crítica do conceito tradicional de liberdade como vinculada à vontade e à contingência, seja como poder de escolher ou como poder de decisão ou de se regular por um modelo, em relação às causas que determinariam a liberdade da vontade ou absoluto beneplácito, ou ainda, daquilo que a regula, visando a caracterização da liberdade como autonomia necessária no existir e no agir, ou como necessidade intrínseca, vinculada à essência e àquilo que dela decorre. Além disso, analisaremos também os desdobramentos desta definição inicial em suas relações com a vontade (finita ou infinita) enquanto faculdade, com o entendimento (finito ou infinito), enquanto ausentes da essência divina, e, por fim, com a própria necessidade.

 

Résumé

Dans la plus grande oeuvre de Benedictus de Spinoza, son Éthique, la délimitation de l'univers ontologique, outre le fait de discerner les éléments constitutifs de sa Philosophia en général, résulte entre autre d’un cadre conceptuel pour le principal sujet de son éthique: la liberté. Ayant l'intention d'expliciter les relations entre l'ontologie spinoziste et le concept de liberté, en soulignant l'importance de ce concept au sein du système de Spinoza en général et sa spécificité à l'intérieur de l'Éthique en particulier, nous expliciterons le concept de liberté dans cette oeuvre: la Définition 7 de la Partie 1. Dans cette définition composée de deux parties distinctes, Spinoza ira opposer "chose libre" (res libera) et "contrainte" (coacta), la première consistant à celle qui "existe exclusivement par nécessité de sa nature et est par soi-même déterminé à agir", et la seconde à "ce qui est déterminé par autre chose à exister et à opérer de certaine manière déterminée". Ensuite, nous procéderons à l'analyse critique du concept traditionnel de liberté mise en relation avec la volonté et la contingence, que ce soit comme un pouvoir de choisir ou comme un pouvoir de décision ou d’être régit par un modèle, vis-à-vis des causes qui détermineraient la liberté de la volonté ou absoluto beneplácito, ou encore, de ce qui la régit, en visant la caractérisation de la liberté comme autonomie nécessaire à l’existence et à l’action, ou comme nécessité intrinsèque attachée à l'essence et à ce dont elle découle. En outre, nous analyserons aussi les dédoublements de cette définition initiale suivant leurs relations avec la volonté (finie ou infinie) comme faculté et avec l'accord (fini ou infini), en tant qu’absents de l'essence divine, et, finalement, avec la propre nécessité.

Mots-Clés: Benedictus de Spinoza. Éthique. Philosophia. Volonté. Liberté.

Biografia do Autor

Emanuel Angelo da Rocha Fragoso, Universidade Estadual do Ceará - UECE

Graduado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (1987), mestre e doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (1994 e 2002). Pós-Doutor pela Universidade de São Paulo - USP (2012-2013). Admitido por concurso público no ano de 2003 como professor-adjunto da Universidade Estadual do Ceará - UECE, na área de Ética e Filosofia Social e Política, atualmente é professor associado e ministra a disciplina de Ética II na Graduação em Filosofia. Atualmente é editor da Coleção Argentum Nostrum, sendo responsável pela publicação dos livros selecionados pelo Conselho Editorial da Coleção. Colabora como Membro do Conselho Editorial da EdUECE – Editora da Universidade Estadual do Ceará. Também colabora como Membro do Conselho Editorial dos seguintes periódicos: Prometeus – Filosofia em Revista (ISSN 2176-5960), Cadernos Sartre - Revista do Grupo de Estudos Sartre - G.E.S. (ISSN 1983-6473), Polymátheia - Revista dos Discentes em Pós-Graduação em Filosofia da UECE (ISSN 1808-804X), Kalagatos - Revista de Filosofia (ISSN 1984-9206 - versão eletrônica), Occursus - Revista de Filosofia (ISSN 2526-3676), Occursus – Revista de Filosofia (ISSN 2526 3676) e da Revista Conatus - Filosofia de Spinoza (ISSN 1981-7509 - versão eletrônica), vinculado ao GT Benedictus de Spinoza do qual é também o coordenador. É também o editor científico da Revista Kalagatos, editor da Revista Conatus e da Occursus - Revista de Filosofia (ISSN 2526 3676). Atualmente coordena e atua em dois Projetos de Pesquisa: A Fundamentação Política em Benedictus de Spinoza e A Questão da Liberdade na Ética de Benedictus de Spinoza - ambos inscritos no Diretório de Pesquisas do CNPq. Atua em Filosofia, em geral, e mais especificamente em Filosofia Moderna e Renascimento, com ênfase na História da Filosofia, na Ética, na Metafísica e na Filosofia Social e Política dos períodos. Atualmente pesquisa em Estudos do Gênero e Política relacionados à Filosofia de Benedictus de Spinoza. Traduziu do francês, do espanhol, do inglês, do holandês e do latim textos de/e sobre Benedictus de Spinoza. Traduziu do holandês o Breve Compêndio (Korte Schetz) de Johannes Monnikhoff, que serviu de introdução ao texto de Spinoza intitulado Breve Tratado (Korte Verhandeling), que também foi traduzido juntamente com Luis César Guimarães Oliva. Também têm textos publicados em periódicos especializados no Brasil e no exterior (Argentina, Colômbia, México, Portugal e Estados Unidos) e orienta alunos de graduação, de pós-graduação e de iniciação científica em trabalhos acadêmicos e de pesquisa nos seguintes autores: Benedictus de Spinoza, René Descartes, Nicolau Maquiavel, Giordano Bruno e Jean-Jacques Rousseau.

Arquivos adicionais

Publicado

02-09-2007

Como Citar

Fragoso, E. A. da R. (2007). O conceito de Liberdade na Ética de Benedictus de Spinoza. Revista Conatus - Filosofia De Spinoza (ISSN 1981-7509), 1(1), 27–36. Recuperado de https://revistas.uece.br/index.php/conatus/article/view/1650

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