Complexidade, cérebro e vida política – Digressões spinozistas

Autores

  • Dimitri Marques Abramov Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
  • Paulo de Tarso de Castro Peixoto M. N. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Palavras-chave:

Complexidade, Natureza, Física dos corpos, Cérebro, Vida Política, Democracia.

Resumo

O artigo apresenta inicialmente a perspectiva da complexidade em Spinoza a partir do conceito de Deus enquanto uma substância absolutamente infinita. Por este prisma, a complexidade do real é identificável à complexidade da natureza enquanto Deus-Substância composta por uma infinidade de atribu­tos que expressam os inúmeros modos de existência. Spinoza nos proporá, a partir de uma visão complexa do mundo e da vida, que a natureza é produzida através de uma infinidade de modos que se modalizam de infinitas maneiras. A perspectiva que Spinoza nos convida a observar através da sua teoria física modal dos indivíduos-corpos nos conduz à questão da complexidade do cérebro e das suas capacidades plásticas de modulação das suas partes constituintes pelas experiências singulares e em ato com os corpos exteriores. Assim como a sociedade é um corpo plural e polifônico de indivíduos o cérebro é um corpo plural que expressa a sua complexidade através de uma experiência conectiva de bilhões de neurônios. Trazer as ressonâncias entre a perspectiva complexa da física dos corpos em Spinoza e a vida complexa do cérebro será apresentar a lógica dos indivíduos em coexistência, suas interações, seus conflitos, suas dissonâncias e conveniências sem finalismos, sem teleologismos. A perspectiva da complexidade através da física dos corpos em Spinoza e da ‘física’ da vida cerebral alcançará à visão de uma vida política rica, tensional e plástica onde a potência de agir dos indivíduos é reforçada e estimulada pelas combinações possíveis, afirmando-se as suas diferenças e os conflitos advindos destas relações.

Biografia do Autor

Dimitri Marques Abramov, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutor em Ciências – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de Neurobiologia e Neurofisiologia Clínica. Instituto Nacional Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ.

Paulo de Tarso de Castro Peixoto M. N. , Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Coordenador da Universidade Livre – FUNEMAC – Macaé (RJ), Pós-doutorado em Filosofia – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Université Paris-Est-Créteil – Paris XII.

Referências

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Arquivos adicionais

Publicado

26-11-2023

Como Citar

Marques Abramov, D., & de Tarso de Castro Peixoto M. N. , P. (2023). Complexidade, cérebro e vida política – Digressões spinozistas. Revista Conatus - Filosofia De Spinoza (ISSN 1981-7509), 8(15 - Julho), 11–24. Recuperado de https://revistas.uece.br/index.php/conatus/article/view/11973