JECA TATU, INCAPAZ DE EVOLUÇÃO E IMPENETRÁVEL AO PROGRESSO
OS TEMPOS DA NAÇÃO NOS TEXTOS DE MONTEIRO LOBATO (1914-1919)
Palavras-chave:
Monteiro Lobato, Jeca Tatu, Nação, Tempo, ProgressoResumo
Em novembro de 1914, na seção “Queixas e Reclamações” do jornal O Estado de São Paulo, foi publicado o artigo “Uma velha praga”, de José Bento Monteiro Lobato. Autor desconhecido, Lobato se colocava como “uma voz do sertão” que veio dizer às gentes da cidade as destruições causadas pelo caboclo no interior. No mês seguinte, animado com a repercussão do libelo, aprofunda suas críticas ao produzir uma caricatura: Jeca Tatu, uma espécie de Peri às avessas. Impenetrável ao progresso, Jeca era símbolo do atraso, das relações de produção arcaicas, da ignorância, do paternalismo das oligarquias e dos descompassos temporais existentes no país. Este artigo busca compreender de que modo a simultaneidade de tempos históricos no território nacional foi trabalhada nos textos de Monteiro Lobato, sobretudo entre 1914-1919. Como hipótese de trabalho, acredito que o suposto descompasso entre as populações interioranas e a aceleração temporal nas metrópoles do país, então Rio de Janeiro e São Paulo, foi sentida como uma tensão entre um “espaço de experiência”, identificado com as áreas rurais nas quais cresceu e administrou sua fazenda, e um “horizonte de expectativas”, um país onde as populações campestres pudessem ser incorporadas ao progresso, utilizando os conceitos de Reinhart Koselleck.
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