Porque é preciso falar de municípios e de geografia política

Autores

  • Iná Elias de Castro Doutora em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPRJ e Professora Titular de Geografia na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
  • Daniel Abreu de Azevedo Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e Professor Adjunto de Geografia na Universidade de Brasília – UnB

DOI:

https://doi.org/10.32335/2238-0426.2022.12.29.8345

Palavras-chave:

município, divisão municipal, escala local, geografia política

Resumo

O problema dos recortes espaciais é recorrente na geografia e estes recortes, como outros temas fundadores da disciplina, nunca saem da pauta quaisquer que sejam os novos rumos e novos ares a orientar suas pesquisas e análises. O objetivo deste artigo é retomar e avançar a discussão sobre o recorte municipal como o espaço de vida da sociedade e como a escala privilegiada da gestão pública e da representação política, ou seja, como o lugar do voto e das estratégias para obtê-lo. A suposição é que identificar características e diferenças na malha municipal favorece maior conhecimento sobre os nexos entre espaço, voto e gestão do território pela sociedade. Em um primeiro momento, realizamos um levantamento bibliográfico nos últimos sete anos de publicação das revistas qualificadas em geografia no estrato A na avaliação Qualis, com o objetivo de entender de que modo o município está ou não sendo discutido enquanto objeto de análise pelos geógrafos. Depois de uma discussão teórica sobre o processo de emancipação municipal, refletimos, a partir de dados secundários, sobre o papel do município na estrutura federativa e na representação política.  

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Publicado

2022-08-19

Como Citar

Castro, I. E. de ., & Azevedo, D. A. de. (2022). Porque é preciso falar de municípios e de geografia política. Conhecer: Debate Entre O Público E O Privado, 12(29), 31–54. https://doi.org/10.32335/2238-0426.2022.12.29.8345

Edição

Seção

Dossiê