Etnografia arriscada

o pesquisador diante de uma rebelião no internato para adolescentes

Autores

  • Rilda Bezerra de Freitas

Palavras-chave:

Adolescentes em conflito com a lei, Etnografia Arriscada, Privação de liberdade, Rebelião

Resumo

Segundo Geertz "não há tarefa melhor para um estudioso do que destruir um medo" (2001). Contudo, vivenciar situações onde o limite do medo é testado não estava previsto na pesquisa de mestrado em sociologia/ UFC, intitulada: “Códigos de honra: o cotidiano de jovens internos no Centro Educacional São Miguel”. Por outro lado, etnografar a dinâmica e o cotidiano de um internato – Unidade de Internação da extinta Fundação do BemEstar do Menor no Ceará – FEBEMCE, possibilitou vivenciar uma experiência inusitada, a exemplo dos “imponderáveis” (1976) descritos por Malinowski, substanciada na inesperada imersão em uma rebelião prisional. No pátio do internato, o enfrentamento entre grupos rivais deixara várias vítimas pelo chão, as quais vomitavam uma secreção esverdeada: sangue, fraturas expostas, cabeças sangrando e os questionamentos da pesquisadora que, também, recebeu pedradas e adquiriu hematomas durante a rebelião. Da experiência surgiram reflexões e questionamentos: por que a decisão de suportar tantos medos, riscos e temores? O que significa e/ou significou a experiência da chamada “etnografia arriscada” nesse percurso analítico? O que fazer diante do caos, da violência extrema e barbárie? Eis, aí, os fios e rastros a serem tecidos nesta investigação.

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Publicado

2019-12-05

Como Citar

FREITAS, R. B. de. Etnografia arriscada: o pesquisador diante de uma rebelião no internato para adolescentes. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 17, n. 33 jan.jun, p. 293–309, 2019. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/2227. Acesso em: 4 dez. 2024.