Os acordos entre Estado e PCC
a disseminação do Comando nas unidades femininas de São Paulo
Palavras-chave:
prisões femininas, PCC, divisão sexual do trabalho, acordosResumo
De acordo com o último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN, 2018), o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, com um total de 726.712 pessoas. Dentre o total, 42.355 são mulheres. A despeito de o número de mulheres presas ser pequeno, se comparado ao número de homens, é preocupante que, entre 2000 e 2014, a população prisional feminina tenha aumentado 656%. O crescimento masculino, para o mesmo período, foi de 293%. Esse aumento no encarceramento feminino implicou na expansão e fortalecimento da organização de presos Primeiro Comando da Capital (PCC) nas unidades penitenciárias femininas. Neste sentido, o presente trabalho visa compreender as dinâmicas presentes nas
relações entre homens e mulheres pertencentes ao PCC, bem como contribuir para o entendimento das relações estabelecidas entre lideranças da organização e o Estado através da análise dos processos envolvidos no fornecimento da alimentação de três unidades prisionais do município de São Paulo. Entre os resultados obtidos, tem-se que a divisão sexual do trabalho vigente na
sociedade é reproduzida também no âmbito do PCC e que a organização de presos influencia as dinâmicas contratuais no âmbito do Estado.