A Casa e a Nação
Gênero, disciplinas e domesticidade em um abrigo para migrantes e refugiadas
DOI:
https://doi.org/10.52521/20.8107Abstract
Decorrente de pesquisa etnográfica que aborda os processos de (co)produção de diferenças na administração das mobilidades transnacionais e nas circulações institucionais de pessoas refugiadas, este artigo analisa as práticas de gestão das vidas em um abrigo para migrantes localizado no centro da cidade de São Paulo. Reflito sobre a articulação entre domesticidade e disciplinas a partir do acompanhamento do cotidiano do abrigo, com atenção aos planos mais íntimos dessa cotidianidade, a partir das relações que se davam nos pátios, na cozinha e nos quartos da instituição. Aponto que essa articulação se materializava em inúmeras pedagogias cotidianas, reguladas por técnicas de gestão do ordinário e dos distintos formatos que assumiam o cuidado e o governo. Observo essas relações a partir do corpo de regras e práticas de convivência instituídas no abrigo. Regras atravessadas por moralidades, em que gênero e sexualidade eram as categorias centrais de gestão na produção de sujeitos avaliados frente a uma suposta “cultura nacional” ou “brasilidade”.