The criminal police of Rio Grande do Norte

three analyzers to think about subjectivity and work in prisons

Authors

DOI:

https://doi.org/10.52521/21.10592

Keywords:

Criminal police officers, Subjectivity, Work, Cartography, Prisons

Abstract

Criminal police officers make up a work group that is quite susceptible to physical and psychological illness, which has already been widely reported in the national and international literature. In addition to health issues, specific subjectivation processes mark these workers, from their training to their daily life in prison. Thus, this article aims to map the processes of subjectivation existing in the work of the criminal police in Rio Grande do Norte. Based on the use of cartography and institutional analysis, observations of the work routine, semi-structured interviews with 26 criminal police officers, and ten conversation circles (encompassing approximately 120 subjects) were carried out. The results bring to light some analyzers who point to a process of militarization from the formation of the category to the present day, producing a certain subjective stultification, in addition to an attitude more prone to violation of rights. Another important data concerns the lack of mental health care by the category, even when this type of service/assistance is offered, which suggests the construction of a professional profile that is de-empowered and sick.

Author Biography

Rafael Figueiró, UNIVERSIDADE POTIGUAR-UNP

Os policiais penais compõem um grupo laboral bastante suscetível ao adoecimento físico e psíquico, já bastante relatado na literatura nacional e internacional. Para além das questões de saúde, processos de subjetivação específicos marcam esses trabalhadores, desde sua formação até o dia a dia na prisão. Assim, esse artigo tem por objetivo mapear os processos de subjetivação existentes no trabalho do policial penal do Rio Grande do Norte. A partir do uso da cartografia e da análise institucional, foram realizadas observações da rotina de trabalho, entrevistas semiestruturadas com 26 policiais penais, e dez rodas de conversa (abarcando aproximadamente 120 sujeitos). Os resultados trazem à tona alguns analisadores que apontam para um processo de militarização desde a formação da categoria até os dias de hoje, produzindo um certo embrutecimento subjetivo, além de uma postura mais propensa a violação de direitos. Outro dado importante diz respeito à ausência de cuidados em saúde mental por parte da categoria, mesmo quando esse tipo de serviço/auxílio é ofertado, o que sugere a construção de um perfil profissional despotencializado e adoecido.

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Published

2023-12-15

How to Cite

FIGUEIRÓ, R. The criminal police of Rio Grande do Norte: three analyzers to think about subjectivity and work in prisons. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 21, n. 45, p. 62–83, 2023. DOI: 10.52521/21.10592. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/10592. Acesso em: 24 aug. 2024.