“Cracolândia Sitiada”

o “nóia” no paradigma da guerra: notas de campo da operação de maio de 2017

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52521/20.6599

Palavras-chave:

Crack, Corpo, Estado, Militarismo, Nóia

Resumo

Este artigo visa a reflexão dos fenômenos políticos no que diz respeito ao controle na “cracolândia” em São Paulo e na disputa política no âmbito do discurso e do controle do corpo do usuário de drogas. Para isso, utilizam-se conceitos chaves de Foucault e Graham, das anotações do trabalho de campo e de notícias de veículos de imprensa que veicularam durante o mês de maio de 2017. Procura-se explicar as inflexões nas propostas de gerenciamento da vida por meio da “policialização” das políticas sociais nas chamadas “Operações” realizadas na “cracolândia” durante o ano de 2017 que resultam na extinção de programas sociais de redução danos.

Biografia do Autor

Ednan Silva Santos, Universidade Federal do ABC

Doutorando e mestre pelo programa interdisciplinar de pós-graduação em Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do ABC. Graduado e licenciatura no curso de História pelo Centro Universitário Fundação Santo André. Também possui especialização em Filosofia e História Contemporânea pela Faculdade Metodista de São Paulo. Atualmente realiza trabalhos e pesquisas no campo da história oral, memória, direitos humanos, Estado, Políticas Públicas,  população em situação de rua (PopRua) e drogas.

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Publicado

2022-08-31

Como Citar

SANTOS, E. S. “Cracolândia Sitiada”: o “nóia” no paradigma da guerra: notas de campo da operação de maio de 2017. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 20, n. 42 mai/ago, 2022. DOI: 10.52521/20.6599. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/6599. Acesso em: 26 abr. 2024.