Medo e insegurança nas margens urbanas
uma interpretação do “viver acuado” em territórios estigmatizados do Grande Bom Jardim
Palavras-chave:
Margens urbanas, Territórios estigmatizados, Medo e insegurançaResumo
Este artigo interpreta produções discursivas sobre as margens urbanas como espacialidade de medo e inseguranças, sob o ponto de vista de residentes de territórios estigmatizados da região do Grande Bom Jardim, em FortalezaCe. Trata-se de recorte de minha tese de doutoramento sobre significações de pobreza e lugar(es) ensejadas nas margens urbanas nesta metrópole nos anos 2000. Optei pela pesquisa qualitativa, com a adoção da observação participante e entrevistas etnográficas. Realizei estudo socioantropológico circunstanciado em dois territórios desta região, sobre os quais recaem estigmatizações e segregações socioterritoriais e de desqualificação social de seus residentes em condição de pobreza. Nestes espaços, delineiam-se lutas simbólicas cotidianas e intraterritoriais urdidas entre seus residentes em relação aos sentidos atribuídos aos seus locais de moradia. Problematizase, aqui, aversão que concebe o território vivido como espacialidades de medo e inseguranças sintonizadas com práticas topofóbicas de habitá-las e sociofóbicas de evitação social. Tal perspectiva demarca tendências de um “viver acuado” nestes espaços, a exigir reflexões multivocais e polissêmicas sobre o viver nas margens urbanas em tempos contemporâneos, considerando a face hibridizada do Estado assistencial-punitivo atuante nesta região.