Apresentação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52521/21.10962

Palavras-chave:

sociologia do romance, sociologia da literatura, transculturação, figuração, texto literário

Resumo

A relação íntima entre literatura e sociedade, forma e história, texto e contexto social demonstra que os fatos históricos, as condições sociais e os elementos políticos relacionam-se intrinsecamente com a construção da obra literária, constituindo-se como fatores indiscutíveis à compreensão da literatura. O objetivo da sociologia do romance é a reconstrução das homologias entre a sociedade e a forma romanesca, mediante múltiplas dimensões: a) homologia de estruturas com a liberdade individual; b) estudo sociológico, estrutural e genético; c) a categoria da mediação é fundamental nesta empreitada; d) O romance novecentista produziu diversas personificações do herói problemático, desvelando a ruptura entre o herói e a sociedade; e) o romance veio a conformar uma nova sensibilidade em relação ao tempo, mesclando forma e conteúdo. Por conseguinte, torna-se possível uma sociologia do romance: as narrativas alimentam a imaginação sociológica, derivada do prazer do texto. No texto romanesco, percebe-se uma perspectiva crítica. Em uma perspectiva internacionalista, mediante interpretações sociológicas e literárias, em uma história espacializada, os textos a seguir vão explorar a relação entre literatura, sociedade e violência nas obras romanescas de uma série de autores - de vários países: Portugal, Tchecoslováquia, Brasil, Colômbia, Chile, Uruguay, México e Índia. Trata-se de estudar a correspondência entre a unidade expressa pela criação cultural, pelo escritor, e a evolução da estrutura de uma determinada sociedade, percebendo a transculturação presente na obra literária.

Biografia do Autor

José-Vicente Tavares-dos-Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Sociólogo (UFRGS, 1971), Mestre (USP, 1977), Docteur d´Etat (Univ. Paris-Nanterre, 1987), Estágio de Pós-doutorado (Univ. Cambridge, 2008). Professor Titular do Departamento de Sociologia, professor dos Programas de Pós-graduação em Segurança Cidadã, Sociologia e Políticas Públicas do Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas da UFRGS, Porto Alegre, Brasil; Pesquisador do CNPq (desde 1988). Pesquisador visitante do CALAS – Centro Maria Sibylla Merian de Estudios Latinoamericanos Avanzados, Universidad de Guadalajara/University of Bielefeld, México (2019-2021).

Nilia Viscardi, Universidad de la República, Uruguay

Licenciatura em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidad de la República, Uruguay (1996). Mestre (1999) e Doutora (2007) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Pós-doutorado no CESDIP – University de Versailles, France. Professora Associada da Facultad de Humanidades, UDELAR.

Referências

ADORNO, Sérgio. “Préface de La violence dans l’imaginaire latino-américain”. In: CORTEN, André & CÔTÉ, Anne-Élizabeth (Dirs.). La violence dans l’imaginaire latino-américain. Paris: Karthala; Qébec: Presses de l’Université du Québec, 2008.

ADRIAENSEN, Brigitti & KUNZ, Marco (Eds.). Narcoficciones en México y Colombia. Madrid: Iberoamericana / Frankfurt: Vervuert, 2016.

AGUIAR, Fávio (Org.). Antonio Candido, pensamento e militância. São Paulo: Humanitas FFLCH USP, Fundação Perseu Abramo, 1999.

ALTAMIRANO, Carlos. Intelectuales: notas de investigación sobre una tribu inquieta. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2013.

ALVES, Paulo Cesar; LEÃO, Andréa Borges; TEIXEIRA, Ana Lúcia. “Sociologia da Literatura: tradições e tendências contemporâneas”. Revista Brasileira de Sociologia, SBS, V. 06, N. 12, jan.abr. 2018, pp. 222-241.

AMAR SÁNCHEZ, Ana María; AVILÉS, Luis F. (Eds.). Representaciones de la violencia en América Latina: genealogias culturales, formas literárias y dinâmicas del presente. Madrid: Iberoamericana, 2015.

ARRIGUCCI JR., Davi. O guardador de segredos. São Paulo, Companhia das Letras, 2010.

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética. São Paulo: Hucitec, 1993.

BALANDIER, Georges. “El poder en escenas”. Barcelona: Paidós, 1994.

BARRÈRE, Anne; MARTUCCELLI, Danilo. Le roman comme laboratoire: de la connaissance littéraire à l’imagination sociologique. Villeneuve-d’Ascq: Presses Universitaires du Septentrion, 2009.

BARTHES, Roland. La préparation du roman. Paris : Seuil, 2015.

BARTHES, Roland. Le Plaisir du Texte. Paris : Seuil, 1973

BASTOS, Elide Rugai; BOTELHO, André. “Para uma Sociologia dos Intelectuais”. DADOS, Rio de Janeiro, IUPERJ, v. 53, n. 4, 2010, pp. 889-919.

BAUMAN, Zygmunt; MAZZEO, Riccardo. O elogio da literatura. Rio de Janeiro, Zahar, 2020.

ALVES, Paulo Cesar; LEÃO, Andréa Borges; TEIXEIRA, Ana Lúcia. “Sociologia da Literatura: tradições e tendências contemporâneas”. Revista Brasileira de Sociologia, SBS, V. 06, N. 12, jan.abr. 2018, pp. 222-241.

BENJAMIN, Walter. Estética y política. Las cuarenta, Buenos Aires, 2009.

BERND, Zilá; UTÉZA, Francis. O caminho do meio: uma leitura da obra de João Ubaldo Ribeiro. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001.

BHABHA, Homi (comp.) (1990). Nación y narración –entre la ilusión de una identidad y las diferencias culturales. Siglo XXI, Buenos Aires, 1990.

BORON, Atilio A. El hechicero de la tribu: Mario Vargas Llosa y el liberalismo en América Latina. México: Akal, 2019.

BOTELHO, André; HOELZ, Maurício. “Sociologias da literatura: do reflexo à reflexividade”. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 28, n. 3, pp. 263-287, 2016.

BOURDIEU, Pierre. “Cosas dichas”. Madrid: Gedisa, 2000.

BOURDIEU, Pierre. “Espíritus de Estado. Génesis y estructura del campo burocrático” en Razones prácticas. Barcelona: Anagrama, 1997.

BUTLER, Judith. “Cuerpos aliados y lucha política. Hacia una teoría performativa de la asamblea” . Buenos Aires: Paidós, 2000.

BUTLER, Judith. “Deshacer el género”. Barcelona: Paidós, 2006.

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. São Paulo: Melhoramentos, 2013.

CANDIDO, Antonio. Os parceiros do Rio Bonito (estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida). São Paulo: Duas Cidades, 2. ed. 1971.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos 1750-1880. 10. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, [1957] 2006.

CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade: estudos de teoria e história literária. 11. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010 [1965].

CANDIDO, Antonio. Ficção e confissão (Ensaios sobre Graciliano Ramos). 3. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2006.

CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2007.

CANDIDO, Pascale. A república mundial das letras. São Paulo: Estação liberdade, 2002.

CANDIDO, Euclides. Os Sertões. São Paulo: UBU / SESC, 2 ed. 2019 (Walnice Nogueira Galvão, organizadora).

CERVANTES, Miguel de. Don Quijote de la Mancha. Barcelona: Real Academia Española / Penguin Randon House, 2015.

CHATTERJEE, Partha. “Delhi lecture. La política de los gobernados” En Rev. Colombiana de Antropología, Vol 47 (2), julio-diciembre 2011.

DELEUZE, Gilles. “Las redes del poder”. Buenos Aires: Ed. Almagesto, 2014.

D’INCAO, Maria Angela; SCARABÔTOLO, Eloísa Faria (Orgs.) Dentro do texto, dentro da vida (Ensaios sobre Antonio Candido). São Paulo, Companhia das Letras, 1992.

FISCHER, Luís Augusto. Duas formações, uma história: das ideias fora do lugar ao perspectivismo ameríndio. Porto Alegre, Arquipélago, 2021.

FONSECA, Maria Augusta; SCHWARZ, Roberto (Orgs.). Antonio Candido 100 anos. São Paulo: Editora 34, 2018.

FORERO QUINTERO, Gustavo. La anomia en la novela de crímenes en Colombia. Medellín: Siglo del Hombre, Universidad de Antioquia, 2012.

FREDERICO, Celso. Sociologia da cultura: Lucien Goldmann e os debates do século XX. São Paulo: Cortez, 2006

FUKS, Julián. Romance: história de uma ideia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de violência. São Paulo: Edusp, 2012.

GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas: Autores Associados, 2012.

GIROUX, Henry “Modernismo, posmodernismo y feminismo. Pensar de nuevo las fronteras del discurso educativo” In: Marisa Belausteguigoitia Rius (Coord.) “Géneros prófugos: feminismo y educación”, México D.F: Paidós-Unam, 1999

GOLDMANN, Lucien. A Sociologia do Romance. Rio de Janeiro: Paz e Terra, [1964] 1990.

GÓMEZ GRILLO, Elio. Apuntes sobre la delincuencia y la cárcel en la literatura venezolana. Caracas: Monte Ávila, 2000.

GRAMSCI, Antonio. “El materialismo histórico y la Filosofía de Benedetto Groce”. Buenos Aires: Nueva Visión, 1971.

GROSSI-PORTO, Maria Stela. “Representações sociais: ampliando horizontes disciplinares”. Sociedade e Estado, Brasília, UnB, v. 24, n. 3, set.dez. 2009.

GROSSI-PORTO, Maria Stela. Sociologia da Violência: do conceito às representações sociais. Brasília: Francis, 2010.

HONNETH, Axel. “La lucha por el reconocimiento” Barcelona: Crítica, 1992.

HORKEIMER, Max; ADORNO, Theodor. “Dialéctica de la Ilustración”. Valladolid: Trotta, 1994.

IANNI, Octavio. O labirinto latino-americano. Petrópolis: Vozes, 1993.

IANNI, Octavio. Pensamento social no Brasil. Bauru: EDUSC/ANPOCS, 2004.

IANNI, Otávio. Enigmas da Modernidade-Mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

LEENHARDT, Jacques. “Existência e objeto da ‘sociologia da literatura’, hoje”. Sociologias, Porto Alegre, 20(48), pp.30-46, 2018.

LUCA, Tania Regina de. “Dossiê Pierre Bourdieu e a literatura”. Estudos de Sociologia, Araraquara, UNESP – FCL, v. 14, n. 27, pp.281-285, 2009.

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance. São Paulo, Duas Cidades, [1920] 2000.

MANZONI, Celina. Violencia y silencio: literatura latinoamericana contemporánea. Buenos Aires: Corregidor, 2005.

MBEMBE, Achille. “Necropolítique”. Traversées, diásporas, modernités, Raisons politiques, N° 21, París, 2006.

MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu: 1800-1900. São Paulo: Boitempo, 2003.

NUNES, Benedito. A clave do poético. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

PASSIANI, Enio. “Afinidades seletivas: uma comparação entre as sociologias da literatura de Pierre Bourdieu e Raymond Williams”. Estudos de Sociologia, Araraquara, UNESP – FCL, v.14, n.27, pp.285-299, 2009

PASSIANI, Enio. “Figuras do intelectual: gênese e devir”. Sociologias, Porto Alegre, ano 20, n. 47, janeiro/abril, pp. 16-47, 2018.

PASSIANI, Enio. “Uma longa jornada: a gênese da sociologia das formas discursivas de Raymond Williams “. Resgate - Rev. Interdisciplinar de Cultura, Campinas, v. 28, pp. 1-35, 2020.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Mutações da literatura no século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

PIGLIA, Ricardo. La forma inicial: conversaciones en Princeton. Buenos Aires: Eterna Cadencia, 2015.

PINTO, Louis. Sociologie des intellectuels. Paris: La Découverte, 2021.

PRECIADO, Paul Beatriz. “Manifiesto contrasexual”. Barcelona: Argumentos anagrama, 2000.

RAMA, Ángel. Literatura, cultura e sociedade na América Latina. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

RIBEIRO, António Sousa (Org.). Representações da violência. Coimbra: Almedina, 2013.

RONCARI, Luiz. O cão do sertão: literatura e engajamento (ensaio sobre João Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade). São Paulo: UNESP,2007.

RUEDAS DE LA SERNA, Jorge (Org.). Antonio Candido. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003.

SANTIAGO, Silviano. Fisiologia da composição (gênese da obra literária e criação em Graciliano Ramos e Machado de Assis. Recife: CEPE, 2020.

SANTIAGO, Silviano. Genealogia da ferocidade (ensaio sobre Grande Sertão, de Guimarães Rosa). Recife: CEPE, 2017.

SAPIRO, Gisèle. Peut-on dissocier l’oeuvre de l’auteur? Paris: Seuil, 2020.

SAPIRO, Gisele. Sociologia da Literatura. São Paulo: Moinhos, 2019.

SARLO, Beatriz. Escritos sobre Literatura Argentina. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2007.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lima Barreto, triste visionário. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. São Paulo: Duas Cidades/ 34, 1977.

SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades/ 34, 2000.

SCHWARZ, Roberto. Seja como for: entrevistas, retratos, documentos. São Paulo: Editora 34, 2019.

SEGATO, Rita. “Las estructuras elementales de la violência. Ensayos sobre género entre la antropología, el psicoanálisis y los derechos humanos”. Prometeo, Universidad Nacional de Quilmes, 2003

TAVARES-DOS-SANTOS, José Vicente. O romance da violência (sociologia das metamorfoses do romance policial). Porto Alegre: TOMO, 2020.

TAVARES-DOS-SANTOS, José Vicente; BAUMGARTEN, Maíra. “Sociedade da Informação: as metodologias inovadoras no ensino contemporâneo da Sociologia”. In: MARTINS, Carlos B. (Org.). Para onde vai a Pós-Graduação em Ciências Sociais. São Paulo: ANPOCS, pp.231-259,2005.

TAVARES-DOS-SANTOS, José Vicente. “As possibilidades das Metodologias Informacionais nas práticas sociológicas: por um novo padrão de trabalho para os sociólogos do Século XXI”. Sociologias, v. 3, n. 5, pp. 114-146, 2001.

TAVARES, Selena Comerlato. Economia em Jane Austen: dinheiro, ética e casamento. Porto Alegre: Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2018 (TTC).

TEIXEIRA, Ana Lúcia. “Literatura e sociologia: relações de mútua Incitação”. Sociologias, Porto Alegre, ano 20, n. 48, maio-agosto, pp. 16-28, 2018.

TRINDADE, Hélgio. Un largo viaje por América Latina: Invención, reproducción y fundadores de las ciencias sociales. Buenos Aires: CLACSO, 2021.

UBILLUZ, Juan Carlos; HIBBETT, Alexandra; VICH, Víctor. Contra el sueño de los justos: la literatura peruana ante la violencia política. Lima: IEP – Instituto de Estudios Peruanos, 2009.

WAIZBORT, Leopoldo. A passagem do três ao um. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

WILLIAMS, Raymond. Cultura e sociedade: 1780-1950. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1969.

WILLIAMS, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: UNESP, 2011.

Downloads

Publicado

2023-07-10

Como Citar

TAVARES-DOS-SANTOS, J.-V.; VISCARDI, N. Apresentação. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 21, n. 44, p. 6–21, 2023. DOI: 10.52521/21.10962. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/10962. Acesso em: 11 maio. 2024.