LUTO PROTESTO NA “FABRICAÇÃO” DOS MÁRTIRES DA LUTA PELA TERRA NO BRASIL
Palavras-chave:
Martírio, Luto, Protesto, CamponesesResumo
Este artigo discute os usos políticos da morte dos trabalhadores rurais e seus aliados na luta pela terra no Brasil, a partir da análise do processo de fabricação dos mártires, as vidas exemplares de homens e mulheres que, depois de dedicarem a vida em favor dos direitos dos pobres da terra, continuam a orientar a caminhada dos sobreviventes por meio de sua presença encantada. O culto dos mortos, seja pelas celebrações religiosas, ou pela referência ao sangue da vítima, que se torna semente e alimento da continuidade das lutas, tornam-se ocasiões de protesto e de denúncia das condições produtoras de violência no campo, além de reivindicarem a modificação de tais condições e o respeito aos direitos humanos dos camponeses. O ato de produzir mártires também é uma forma de importar-se com a vida dos pobres da terra, de criar socialmente um valor para aquelas existências frequentemente ignoradas pelo poder político e econômico em nossas sociedades. Enlutar se torna, portanto, uma forma de dizer que as vidas dos camponeses e seus aliados também merecem ser vividas.
Downloads
Publicado
Como Citar
Licença
Copyright (c) 2023 Alberto Rafael Ribeiro Mendes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.