LUTO PROTESTO NA “FABRICAÇÃO” DOS MÁRTIRES DA LUTA PELA TERRA NO BRASIL
Palabras clave:
Martírio, Luto, Protesto, CamponesesResumen
Este artigo discute os usos políticos da morte dos trabalhadores rurais e seus aliados na luta pela terra no Brasil, a partir da análise do processo de fabricação dos mártires, as vidas exemplares de homens e mulheres que, depois de dedicarem a vida em favor dos direitos dos pobres da terra, continuam a orientar a caminhada dos sobreviventes por meio de sua presença encantada. O culto dos mortos, seja pelas celebrações religiosas, ou pela referência ao sangue da vítima, que se torna semente e alimento da continuidade das lutas, tornam-se ocasiões de protesto e de denúncia das condições produtoras de violência no campo, além de reivindicarem a modificação de tais condições e o respeito aos direitos humanos dos camponeses. O ato de produzir mártires também é uma forma de importar-se com a vida dos pobres da terra, de criar socialmente um valor para aquelas existências frequentemente ignoradas pelo poder político e econômico em nossas sociedades. Enlutar se torna, portanto, uma forma de dizer que as vidas dos camponeses e seus aliados também merecem ser vividas.
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