Oralidade e Cultura Escrita na Abordagem da História da Alfabetização

Autores

  • Suzana Marly da Costa Magalhães

Palavras-chave:

oralidade, cultura escrita, história da alfabetização

Resumo

A partir do século XVI, consubstanciou-se a ampliação progressiva do acesso à cultura escrita, ensejando a emergência de numerosos campos de estudo
do fenômeno. A história da cultura escrita, por exemplo, na perspectiva da história cultural, serve como via de acesso à cultura, porque expressa os valores de
determinados grupos e/ou da cultura mais ampla, o que nos remete às questões de identidade e formação de mentalidades. A cultura escrita também foi abordada a partir de um crivo que ilumina suas raízes precípuas – a oralidade. Neste sentido, na abordagem antropológica, Jack Goody realçou os modos de comunicação como fator influente na configuração do pensamento e da organização social. Na área de literatura, Parry e Lord, dentre outros, destacaram as peculiaridades do modo de comunicação oral para esclarecer as características distintivas de textos canônicos da literatura ocidental, tais como a obra homérica. Mas a cultura escrita não é uma realidade homogênea, e também favorece distintos efeitos mentais, atitudinais e sociais, dependendo do tipo de escrita, de sua materialidade ou modo de apropriação nos diversos contextos sociais. É a contribuição atual da linguística. Estas vertentes de
análise da cultura escrita/oralidade foram incorporadas ao campo da história da alfabetização, como área que visava a enquadrar especificamente o fenômeno do letramento. A partir destas diversas contribuições, a história da alfabetização se
desdobrou em 4 vertentes de pesquisa: a busca das relações entre alfabetização e estrutura social – entre escrita e poder; entre alfabetização e escolarização; entre alfabetização e racionalidade; entre os modos de comunicação – oral e escrito, o que envolve a história da escrita, da leitura, do impresso, em seus processos de produção e apropriação. Evidencia-se a ausência relativa de estudos, no Brasil, sobre a passagem de culturas ágrafas às culturas da escrita, uma história ainda por ser empreendida para se evitar a ilusão da dicotomia estanque e da transformação brusca, que opõe, a cultura escrita ao iletrismo.

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Publicado

2020-01-30

Como Citar

MAGALHÃES, S. M. da C. Oralidade e Cultura Escrita na Abordagem da História da Alfabetização. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 1, n. 2 jul.dez, p. 11–19, 2020. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/2706. Acesso em: 22 dez. 2024.