Entre tapas e chutes
um estudo antropológico do baculejo como exercício de poder policial no cotidiano da cidade
Palavras-chave:
Violência policial, Baculejo, Jovens, ConflitualidadeResumo
Este trabalho discute as práticas de agressão física de policiais militares contra jovens nas favelas, praças e ruas da cidade de Fortaleza na perspectiva de uma antropologia da violência e dos conflitos sociais. Baseado em materiais etnográficos de pesquisas com policiais militares, com jovens usuários de substâncias psicoativas nas praças e ruas e também com jovens moradores de favelas, buscamos elaborar uma leitura analítica, a partir dos nossos acessos etnográficos, focando no ritual de poder conhecido popularmente como “baculejo”, onde, além da abordagem e da revista policial militar em busca de drogas, armas ou fugitivos da justiça, configura-se um campo de poder alimentado recorrentemente por práticas de violência, como tapas, chutes, espancamentos; e, em alguns casos, torturas mais graves, cujo foco é a punição física de pessoas consideradas socialmente indesejáveis pelos policiais militares, cuja ótica envolve a ideia de “quebrar o moral” dos “vagabundos” ou “amaciar o vagabundo” sob a égide de justificativas que giram em torno da noção policial militar de “agir com energia” ou “ações enérgicas” para impor respeito e ordem.