Quando o grafite é sagrado
DOI:
https://doi.org/10.52521/opp.v23n1.14840Palavras-chave:
Grafite, Religião, Cidade, Etnografia SensorialResumo
Nesse artigo buscamos compreender as conexões entre os campos da arte, cidade e religião, a partir de uma investigação sobre como os referenciais religiosos são ativados e operados pelo grafite. Nos perguntamos sobre como a religiosidade, mediada pelo grafite, age como um campo de disputa simbólica no espaço urbano? De que forma o “spray sagrado” reflete e comunica moralidades religiosas específicas que contrastam com as hegemônicas ou secularizadas? À vista disso, realizamos uma etnografia visual, onde mapeamos através das lentes fotográficas os grafites religiosos. Ademais, nos aproximamos da cena do grafite, e realizamos tanto entrevistas com os artistas, como participamos das suas atividades de ocupação e mutirão. O recorte geográfico é a cidade do Recife, as regiões Norte, Sul e Centro foram escolhidas tanto por serem espaços com uma forte presença religiosa, como também por serem localidades onde os grafites são recorrentes. No contexto recifense, o grafite religioso se manifesta através do cristianismo motivacional, do cristianismo da batalha, cristianismo enraizado e da ancestralidade e estética negra.
Referências
ASAD, Talal. Formations of the Secular: Christianity, Islam, Modernity. Stanford: Stanford University Press, 2003.
BARBOSA, Andréa; MENEZES, José Maurício Domingues; SILVA, Paulo Fernando da (Orgs.). A Experiência da Imagem na Etnografia. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2016.
BANKS, Marcus. Visual Methods in Social Research. Londres: SAGE Publications Ltd, 2001.
BURITY, Joanildo. Secularização e laicidade no Brasil: paradoxos, ambiguidades e dilemas. Novos Estudos CEBRAP, v. 40, n. 1, p. 13–36, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/FV44zNnSZC6Yd9xP5gHLr9r/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 20 jan. 2025.
CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 2008.
CASANOVA, José. Public Religions in the Modern World. Chicago: University of Chicago Press, 1994.
COSME, Jorge. MP investiga pastor por demonizar arte sobre religião afro. Leia Já, 6 ago. 2021. Disponível em: https://www.leiaja.com/noticias/2021/08/06/mp-investiga-pastor-por-demonizar-arte-sobre-religiao-afro/. Acesso em: 9 maio. 2025.
COSTA, Hercilene Maria e Silva; FREITAS, Maria do Carmo Soares de. (2018). Ocupar é (r)existir: práticas artísticas como tática de resistência. In: Adad, Shara Jane Holanda Costa; Costa, Hercilene Maria e Silva (Orgs.). Entrelugares: Tecidos Sociopoéticos em Revista. Fortaleza: EdUECE, p. 273, 2018.
DANTO, Arthur. The Abuse of Beauty: Aesthetics and the Concept of Art. Chicago: Open Court, 2003.
GELL, Alfred. A tecnologia do encanto e o encanto da tecnologia. Concinnitas, v. 8, n. 1, p. 40-63, 2005.
GIUMBELLI, Emerson. A presença do religioso no espaço público: modalidades no Brasil. Religião & Sociedade, v. 28, n. 2, p. 80-101, 2008.
GIUMBELLI, Emerson. Presença na recusa: a África dos pioneiros umbandistas. Esboços: Histórias em Contextos Globais, v. 17, n. 23, p. 107–118, 2010.
GIUMBELLI, Emerson. Símbolos Religiosos em Controvérsia. São Paulo: Terceiro Nome, 2014.
GITAHY, Celso. O que é grafite. São Paulo: Brasiliense, 1999.
GURAN, Milton. Antropologia e Fotografia: Olhares Cruzados. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
LATOUR, Bruno. Iconoclash: Beyond the Image Wars in Science, Religion, and Art. Cambridge: The MIT Press, 2004.
MAHMOOD, Saba. Religious Difference in a Secular Age: A Minority Report. Princeton: Princeton University Press, 2015.
MELO, João Lucas; VIEIRA, Maria Eduarda Antonino. Fé na cidade [documentário]. 2022.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=L434Li-lVx8. Acesso em: 30 jun. 2025.
MEYER, Birgit. Mediação e imediatismo: formas sensoriais, ideologias semióticas e a questão do meio. Campos, v. 16, n. 2, p. 145-164, 2015.
MEYER, Birgit. Material Approaches to Religion Meet New Materialism: Resonances and Dissonances. Journal for the Study of Religion, Nature, and Culture, v. 13, n. 4, p. 428-448, 2019.
PEREIRA, Edilson; SANSI, Roger; GIUMBELLI, Emerson; MACHADO, Carly. Editorial: Religião, Arte e Cultura. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, set./dez. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0100-85872018v38n3editorial. Acesso em: 15 jan. 2025.
PINK, Sarah. Doing Visual Ethnography: Images, Media and Representation in Research. Londres: SAGE Publications Ltd, 2013.
SAUSSET, Damien. Art critique. In: Francblin, Catherine; Sausset, Damien; Leydier, Richard. L’ABCdaire de l’art contemporain. Paris: Flammarion, p. 26–2, 2003.
SHAPIRO, Roberta; HEINICH, Nathalie. When is artification? Contemporary Aesthetics, Special Volume 4, 2012.
TAYLOR, Charles. Uma era secular. Tradução de Nélio Schneider e Luiza Corrêa de Araújo. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2010.
VITAL DA CUNHA, Christina. Religião, grafite e projetos de cidade: embates entre “cristianismo da batalha” e “cristianismo motivacional” na arte efêmera urbana. Religiões e Cidades, 2014.
VITAL DA CUNHA, Christina. Paisagens Motivacionais no Rio 2016: Interfaces entre política, arte e religião. Revista de Estudos Urbanos, 2019.
VITAL DA CUNHA, Christina. Religião e Grafite no Brasil Contemporâneo: Dinâmicas Urbanas e Transformações Simbólicas. São Paulo: Editora Unesp, 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Maria Eduarda Antonino Vieira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.