Músicas populares e as fronteiras atlânticas da turnê Projeto Kalunga em Angola

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52521/22.12338

Palavras-chave:

culturas nacionais, músicas populares Brasil e Angola, circulação transnacional da cultura, guerra fria

Resumo

Este artigo trata da circulação internacional da música popular brasileira nos anos de 1980, toma como objeto uma turnê de músicos brasileiros à recém constituída República Popular de Angola. Apresento o lado angolano da viagem, seu espaço de música popular, fortemente marcado pelas tentativas de unificação nacional. Trata-se de um esforço comparativo entre as músicas populares dos dois países, a partir de pesquisas de campo em Angola, levantamentos de fontes documentais e bibliográficas. Proponho um percurso de análise que não as encerre em escalas e níveis de observação circunscritos aos espaços nacionais. 

Biografia do Autor

Mariana Barreto, Universidade Federal do Ceará

Professora Associada do Departamento de Ciências Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará e do Programa Associado de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Ceará e Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Referências

ANAFU, M. Les relations soviéto-africaines: une perspective historique. Politique Étranger, v. 53, n. 3, p. 719-727, 1988.

ANDERSON, B. Comunidades imaginadas. Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhias das Letras, 2008.

BARRETO, M. The Kalunga Project: the meanings of popular Brazilian an Angolan musical productions beyond national territory. Journal of World Popular Music, n. 7.1, p. 69-90, 2020.

BIRMINGHAM, D. Breve história da Angola moderna [ Séc. XIX-XXI]. Lisboa: Guerra e Paz, Editores, S. A, 2017.

BOSCHETTI, A. Pour un comparatisme réflexif. In: ______. (ed.). L’espace culturelle transnationale. Paris: Nouveau Monde, 2010, p. 7-51.

BOURDIEU, P. Existe-t-il une littérature belge? Limites d’un champ et frontières politiques. Études de Lettres, n. 4, pp. 3-6, 1985. (Versão traduzida em BOURDIEU, P. Existe uma literatura belga? Limites de um campo e fronteiras políticas. Repocs, v. 17, n. 34, p. 249-252, 2020.

_______. Les conditions sociales de la circulation internationale des idées. In SAPIRO, G. (dir.). L’espace intellectuel en Europe. De la formation des États-nations à mondialisation XIXe-XXIe siècle. Paris: La Découverte. 2009, p. 27-39.

CAYMMI, S.. Dorival Caymmi - O Mar e o Tempo. 2ª Edição. São Paulo, Editora 34, 2014.

COSTA e SILVA, A. A África e os Africanos na História e nos Mitos. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2021.

COSTA, T.. Música popular brasileira: povo com povo a gente se entende. Novembro - A Revista Angolana, n. 32, pp. 24-27, 1980.

DA SILVA, M.A.M. Outra ponte sobre o Atlântico Sul: descolonização africana e alianças político-intelectuais em São Paulo nos anos 1960. Análise Social, 225, LII (4°), p . 804-826, 2017.

DJEBBARI, E. Guerre froide, jeux politiques et circulations musicales entre Cuba et l’Afrique de L’ Ouest. Las maravilhas de Mali à Cuba et la Orquestra Aragón en Afrique. Afrique Contemporaine, n 2, p. 21-36, 2015.

DUMONT, J. Diplomaties culturelles et fabrique des identités.Arhentine, Brésil, Chili (1919-1946). Coll. “Des Amériques”. Rennes: PUR, 2018.

FIGUEIREDO, F.B. Entre raças, tribos e nações: os intelectuais do Centro de Estudos Angolanos, 1960-1980. 2012. Tese (Doutorado em História) - Centro de Estudos Afro-Orientais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.

_________. Batalhas da cultura: cinema e música em Luanda nos dias da independência In: FURTADO, C.A. e SANSONE, L. (Orgs.). Lutas pela memória em África. Salvador: EDUFBA, 2019, p. 93-123.

FRANCFORT, D.Tournées musicales et diplomatie pendant la guerre froide. Relations Internationales, n 156, p. 73-86, 2013.

GLEIJESES, P. Visions of freedom: Havana, Washington, Pretoria and the struggle for Southern Africa, 1976-1991, North Carolina: University of North Carolina Press, 2013.

GILROY, P. The Black Atlantic. Modernity and Double Consciousness. Londres: Verso, 1993.

HEILBRON, J. (2020). La sociologie française. Sociogènese d’une tradition nationale. Paris: CNRS Éditions, 334p.

KONÉ, A. De la guerre d’indépendance à guerre civile et internationale en Angola (1961-1991). Paris: Éditions Connaissances et Savoirs, 2013.

MAUSS, M. A Nação. São Paulo: Três Estrelas, 2017.

MESSIANT, C. Em Angola, até o passado é imprevisível. A experiência de uma investigação sobre o nacionalismo angolano e, em particular, o MPLA : fontes, crítica, necessidades actuais da investigação. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE A HISTÓRIA DE ANGOLA “Construindo o passado angolano: as fontes e sua interpretação, 2, 2000.”. Lisboa. Actas [...] Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000. p. 804-859.

MILHAZES, J. A URSS e a independência de Angola. In: MILHAZES, J. Angola. O princípio do fim da União Soviética. Lisboa: Nova Vega, 2009, p. 59-90.

MOORMAN, M.J. . Intonations. A social history of music and nation in Luanda, Angola, from 1945 to recent times. Ohio: Ohio University Press, 2008.

ORTIZ, R. . Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Brasiliense, 1994.

________. A Moderna Tradição Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1988.

POPA, I. La circulation transnationale du livre: un instrument de la guerre froide culturelle. Histoire@Politique, n. 15, p. 25-41, 2011.

RIDENTI, M. Artistas e intelectuais comunistas no auge da Guerra Fria. In: _____. Brasilidade Revolucionária. São Paulo: Unesp, 2010, p. 57-83.

________. Artistas comunistas latinoamericanos: nacionalismo y star system soviético. Prismas, n. 23, p. 205-210, 2019.

S/A. Nova matriz para nossa música. Novembro - A Revista Angolana, n. 32, pp. 42-45, 1980.

SAPIRO, G., LEPERLIER, T. e BRAHIMI, M. Qu’est-ce qu’un champ intellectuel transnational?. Actes de la recherche en sciences sociales, n. 224, v.4, p. 4-11, 2018.

SAPIRO, G. Le champ est-il national? La théorie de la différenciation social au prisme de l’histoire globale. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, n. 200, p. 71-85, 2013.

________. Comparaison et échanges culturels. Le cas des traductions. In: REMAUD, O.; SCHAUB, J-F. e THIEREAU, I. (Dir.). Faire des sciences sociales. Comparer. Paris: Éditions de l’École des Hautes Études en Sciences Sociales, 2012, p. 193-221.

SAYAD, A. Histoire et Recherche Identitaire. Saint-Denis: Éditions Bouchène, 2002.

THIESSE, A. M. La Création des Identités Nationales. Europe XVIIIe – XXe siècle. Paris: Seuil, 2001.

______. La Fabrique de l’Écrivain national, entre littérature et politique. “Bibliothèque des Histoires”. Paris: Gallimard, 2019.

TUPY, D. “Foi bonita a festa, pá…" . Revista Módulo, n. 59, p. 42-45, 1980.

WEZA, J. O percurso histórico da música urbana luandense (subsídio para uma história da música angolana). Luanda: Sopol, SA, 2007.

WHEELER, D. E PÉLISSIER, R. História de Angola. Lisboa: Tinta-da-China, 2009.

WILLIAMS, R. Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

R.N/H.F.M. Cinema angolano no Festival de Tshkent. Jornal de Angola, 24/05/1980, p. 3.

S/A. I Festival Internacional da Canção Revolucionária. Jornal de Angola, 27/12/1978, p. 3.

S/A. Batendo-o-papo com Chico Buarque. Jornal de Angola, 24/05/1980, s/p.

S/A. Novo “show” artístico da caravana dos países socialistas. Jornal de Angola, 15/02/1985, p. 10.

S/A.. Espetáculo de variedades no Karl Marx com “Sierra Maestra” em evidência. Jornal de Angola, 18/04/1986, s/p.

Entrevista com Afonso Antônio, Secretário de Estado da Cultura, 02/05/2018, Luanda, Angola.

Downloads

Publicado

2024-06-07

Como Citar

BARRETO, M. Músicas populares e as fronteiras atlânticas da turnê Projeto Kalunga em Angola. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 22, n. 46, p. 78–102, 2024. DOI: 10.52521/22.12338. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/12338. Acesso em: 2 jul. 2024.