Mortalidade materna no Brasil entre o período de 2020 a 2023: estudo de base populacional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.70368/gecs.v1i2.13139

Palavras-chave:

Morbimortalidade, Mortalidade Materna, Registros de Mortalidade, Sistemas de Informação em Saúde, Saúde da Mulher

Resumo

O presente estudo teve como objetivo investigar a mortalidade materna por causas diretas e indiretas em mulheres brasileiras em idade reprodutiva (10-49 anos), entre 2020 e 2023, com base em dados do Observatório Obstétrico Brasileiro. Trata-se de um estudo transversal descritivo e exploratório, realizado em maio de 2024 com análise de dados secundários de sistemas de informações de saúde. A população incluiu todas as mulheres com óbitos registrados durante o ciclo gravídico puerperal. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, clínicas e de desfechos obstétricos. A análise estatística envolveu medidas descritivas e inferenciais, utilizando testes de qui-quadrado e regressão logística. A maior parte dos óbitos maternos ocorreu entre mulheres pardas e solteiras, predominantemente nas regiões Sudeste e Nordeste. Os óbitos foram majoritariamente por causas diretas e ocorreram principalmente durante o puerpério. Houve redução significativa de óbitos em 2023 comparado aos anos anteriores. A mortalidade materna no Brasil entre 2020 e 2023 apresentou variações importantes de acordo com características sociodemográficas e regionais. O estudo aponta para a necessidade de políticas públicas eficazes que reduzam disparidades e fortaleçam o sistema de saúde, especialmente em cenários de crise sanitária.

Biografia do Autor

Nicoly Maturana de Oliveira, Faculdade de Enfermagem da Universidade Santo Amaro

Acadêmica do curso de Graduação de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Santo Amaro (UNISA).

Gustavo Gonçalves dos Santos, Faculdade de Enfermagem da Universidade Santo Amaro

Graduação em Enfermagem pela Escola de Ciências da Saúde da Universidade Anhembi Morumbi (EE/UAM). Especialização em Enfermagem Obstétrica pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde do Hospital Albert Einstein - Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (FHIAE). Mestrado em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB/UNESP). Atualmente, Doutorando no Programa de Pós-graduação do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP). Professor Adjunto do curso de Graduação de Enfermagem da Universidade Santo Amaro (UNISA). Linha de pesquisa: Assistência à Saúde da Mulher no ciclo vital trabalhando com temáticas sobre disparidades e iniquidades étnicas-raciais, mortalidade materna e near miss, paternidade e parentalidade, puerpério paterno e depressão pós-parto paterna. Pai de Nicollas Lucio Gonçalves (2015), Liz Lucio Gonçalves (2022) e Maya Lucio Gonçalves (2023). Licença paternidade em novembro de 2015, junho de 2022 e outubro de 2023. ResearcherID: HJG-8480-2022. ORCID: 0000-0003-1615-7646. 

Referências

AQUINO, V.; BERALDO, N. Brasil reduziu 8,4% a razão de mortalidade materna e investe em ações com foco na saúde da mulher. Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2020/maio/brasil-reduziu-8-4-a-razao-de-mortalidade-materna-e-investe-em-acoes-com-foco-na-saude-da-mulher#:~:text=sa%C3%BAde%20da%20mulher-,Brasil%20reduziu%208%2C4%25%20a%20raz%C3%A3o%20de%20mortalidade%20materna%20e,foco%20na%20sa%C3%BAde%20da%20mulher&text=O%20Brasil%20conseguiu%20reduzir%20em,das%20mulheres%20no%20per%C3%ADodo%20reprodutivo.

AYALA, Q.B.P.; POLLOCK, W.E.; MCDONALD, S.J.; TAFT, A.J. Intimate partner violence and severe acute maternal morbidity in the intensive care unit: a case-control study in Peru. Birth., Califórnia, v. 47, n. 1, p. 29-38, 2020. DOI: 10.1111/birt.12461. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31657489/.

BARROS, A.J.S.; LEHFELD, N.A.S. Fundamentos de Metodologia científica: um guia para iniciação científica. 2ª Edição ampliada, São Paulo: Makron Editora, 2000.

BRASIL. Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, 2023. Painel de monitoramento da mortalidade materna. Disponível em: https://svs.aids.gov.br/daent/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/mortalidade/materna/.

BRASIL. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf.

BRASIL. Resolução n° 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Brasília, DF: Diário Oficial da União [Internet], 2016. Disponível em: https://www.gov.br/conselho-nacional-de-saude/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/resolucoes/2016/resolucao-no-510.pdf/view.

BORDALO, A.A. Estudo transversal e/ou longitudinal. Rev. Para. Med. Belém, v. 20, n. 4, p. 5, 2006. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-59072006000400001&lng=pt&nrm=iso.

CARVALHO, P. I. et al. Perfil sociodemográfico e assistencial da morte materna em Recife, 2006-2017: estudo descritivo. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. v. 29, n. 1, p. e2019185. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/S4bVNN8hT745pMXHGsTPMfG/.

COX, R.S.; FAAN, R. Global maternal mortality rate declines - except in America. Nurs Outlook. v. 66, n. 5, p. 428-9.

DIAS, J.M.G.; DE OLIVEIRA, A.P.S.; CIPOLOTTI, R.; MONTEIRO, B.K.S.M.; PEREIRA, R.O. Mortalidade materna. Rev Med Minas Gerais, v. 25, n. 5, p. 173-179, 2015. DOI: 10.5935/2238-3182.20150034. Disponível em: file:///C:/Users/UECE/Downloads/v25n2a06.pdf.

DOMINGUES, R. M. S. M. et al. Mortalidade perinatal, morbidade materna grave e near miss materno: protocolo de um estudo integrado à pesquisa Nascer no Brasil II. Cadernos de Saúde Pública [online]. v. 40, n. 4, e00248222. DOI: 10.1590/0102-311XPT248222. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/HG4f9TphPscYwtQJjTFzBpL/#.

FRANCISCO, R.; LACERDA, L.; RODRIGUES, A.S. Obstetric Observatory BRAZIL – COVID-19: 1031 maternal deaths because of COVID-19 and the unequal access to health care services. Clinics, São Paulo, v. 76, p. e3120, 2021. DOI: 10.6061/clinics/2021/e3120. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S180759322200223X?via%3Dihub.

FEITOSA-ASSIS, A. I.; SANTANA, V. S.; Occupation and maternal mortality in Brazil. Revista de Saúde Pública [online], v. 54, p. 64, 2020. DOI: 10.11606/s1518-8787.2020054001736. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/172495.

FERREIRA, M. E. S.; COUTINHO, R. Z.; QUEIROZ, B. L. Morbimortalidade materna no Brasil e a urgência de um sistema nacional de vigilância do near miss materno. Cadernos de Saúde Pública [online]., v. 39, n. 8, p. e00013923, 2023. DOI: 10.1590/0102-311XPT013923. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/zkhZSJfQRygCcHpywLpKmGp/?lang=pt.

FIOCRUZ AMAZÔNIA. Estudo aponta 70% de excesso de mortes maternas no Brasil na pandemia. Portal Fiocruz, 2022. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-aponta-70-de-excesso-de-mortes-maternas-no-brasil-na-pandemia#:~:text=Estudo%20aponta%2070%25%20de%20excesso%20de%20mortes%20maternas%20no%20Brasil%20na%20pandemia,-178083&text=Compartilhar%3A,da%20pandemia%20de%20Covid%2D19.

HOCHAMAN, B.; NAHAS, F. X.; OLIVEIRA FILHO, R. S.; FERREIRA, L. M. Desenhos de pesquisa. Acta. Cir. Bras. [Internet]. v. 20, n. 2, p. 2-9, 2005. DOI: 10.1590/S0102-86502005000800002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/acb/a/bHwp75Q7GYmj5CRdqsXtqbj/?lang=pt.

SOMER, S. J. H.; SINKEY, R. G.; BRYANT, A. S. Epidemiology of racial/ethnic disparities in severe maternal morbidity and mortality. Semin Perinatol.; v 41, n. 5, p. 258-65, 2017. DOI: 10.1053/j.semperi.2017.04.001. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28888263/.

KHAN, K. S.; WOJDYLA, D.; SAY, L.; GULMEZOGLU, A. M.; VAN LOOK; P. F. WHO analysis of causes of maternal death: a systematic review. Lancet, v. 367, p. 1066-74, 2006. DOI: 10.1016/S0140-6736(06)68397-9. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16581405/.

LEAL, M. C.; GAMA, S. G. N.; PEREIRA, A. P. E.; PACHECO, V. E.; CARMO C. N.; SANTOS, R. V. A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. Cadernos de Saúde Pública [online]., v. 33, n. 1, p. e00078816, 2017. DOI: 10.1590/0102-311X00078816. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/LybHbcHxdFbYsb6BDSQHb7H/abstract/?lang=pt#.

MARTINS, A. L. Mortalidade materna de mulheres negras no Brasil. Cadernos de Saúde Pública [online], v. 22, n. 11, p. 2473-2479, 2006. DOI: 10.1590/S0102-311X2006001100022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/sW5LM59346pcKJ9XqZXLL6R/?lang=pt#.

MENDES, J. D. A mortalidade materna no estado de São Paulo – atualização até 2015.Bol Epidemiol Paul., v. 15, n. 173, p. 3-9, 2018. Disponível em: https://portal.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/profissional-da-saude/destaques//bepa_173.pdf.

MERSHA, A. G.; ABEGAZ, T. M.; SEID, M. A. Maternal and perinatal outcomes of hypertensive disorders of pregnancy in Ethiopia: systematic review and meta-analysis. BMC Pregnancy Childbirth. v. 19, n. 1, p. 458, 2019. DOI: 10.1186/s12884-019-2617-8. Disponível em: https://bmcpregnancychildbirth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12884-019-2617-8#citeas.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2023. Sistemas de informação. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/sistemas-de-informacao/sim.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Projeto do Milênio das Nações Unidas 2005: investindo no desenvolvimento: um plano prático para atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio. Nova York: ONU; 2005.

PITILIN, E. D. B.; SBARDELOTTO, T. Mortalidade de Mulheres em Idade Reprodutiva: Estudo comparativo entre dois períodos. Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online), v. 11, n. 3, p. 613-619, 2019. DOI: 10.9789/2175-5361.2019.v11i3.613-619. Disponível em: https://seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/6630/pdf_1.

SCARTON, J. et al. Perfil da Mortalidade Materna: Uma Revisão Integrativa da Literatura. Rev Fund Care Online., v. 11, n. 3, p. 816-822, 2019. DOI: 10.9789/2175-5361.2019.v11i3.816-822. Disponível em: file:///C:/Users/UECE/Downloads/7063-Texto%20do%20artigo-41671-1-10-20190402.pdf.

SOARES, V. M. N.; SOUZA, K. V.; AZEVEDO, E. M. M.; POSSEBON, C. R.; SOARES, F. F. Causas de mortalidade materna segundo níveis de complexidade hospitalar. Rev Bras Ginecol Obstet., v. 34, n. 12, p. 536-43, 2012. DOI: 10.1590/S0100-72032012001200002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgo/a/JRd3ScrYMHKtJq6bSLz54rS/#.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Trends in Maternal Mortality: 1990 to 2015: estimates developed by WHO, UNICEF, UNFPA, World Banka Group and The United Nations Population Division, Geneva: World Health Organization, 2015.

Downloads

Publicado

04-11-2024

Como Citar

OLIVEIRA, N. M. de; SANTOS, G. G. dos. Mortalidade materna no Brasil entre o período de 2020 a 2023: estudo de base populacional. Gestão & Cuidado em Saúde, Fortaleza, v. 1, n. 2, p. e13139, 2024. DOI: 10.70368/gecs.v1i2.13139. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/gestaoecuidado/article/view/13139. Acesso em: 22 dez. 2024.