ANESTESIA PARA CORREÇÃO DE SHUNT PORTOSSISTÊMICO COM ANEL DE AMERÓIDE EM CÃO

Autores

  • Letycia Moreira Meneses Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará
  • Victor Hugo Vieira Rodrigues Centro Universitário Maurício de Nassau/CE
  • Gabrielly Rodrigues Lameu Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará
  • Anaise Sousa Freire Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará
  • Máyra Carvalho Petelinkar Centro de Ciências da Saúde/CE
  • Lucas Venicio Lima Costa Focus Diagnóstico Veterinário/CE
  • Diomedes Fontenele Ferreira Filho Clínica Veterinária WellPet/CE
  • Francisco Lúcio Mendes Maia Filho Clínica Veterinária WellPet/CE
  • Yanna Deysi Bandeira Passos Centro Universitário Maurício de Nassau/CE

Palavras-chave:

Desvio portossistêmico, encefalopatia hepática, canino, PIVA

Resumo

O shunt ou desvio portossistêmico (DPS) é uma conexão anormal entre a circulação portal e sistêmica, que desvia o fluxo sanguíneo do fígado em variados graus. Nesse contexto, uma anestesia de qualidade e segura faz toda diferença na recuperação do paciente. Com isso, o presente trabalho teve o objetivo de relatar a técnica anestésica utilizada para o tratamento cirúrgico de um caso de shunt portossistêmico congênito em um cão da raça Yorkshire Terrier, fêmea, de quatro anos, pesando aproximadamente quatro quilos, que apresentava sintomas neurológicos decorrentes de encefalopatia hepática, devido à DPS. Para a medicação pré-anestésica (MPA), foi utilizado o cloridrato de remifentanila (2mg), na taxa de 10µg/Kg/h. Propofol (1%) foi utilizado para indução anestésica, na dose de 1mg/Kg/min, e para anestesia periglótica foi usado cloridrato de lidocaína (2%), no volume de 0,1mL/Kg. Quanto à manutenção anestésica, foi utilizado isoflurano (100%), em um vaporizador universal, citrato de maropitant (1%) em infusão contínua, na taxa de 30µg/Kg/h, cloridrato de remifentanila (2%), na mesma taxa utilizada na MPA, cetamina (10%), na taxa de 0,6mg/Kg/h, e brometo de rocurônio (10mg/mL), na dose de 0,15mg/Kg. Antes do início da cirurgia, foi realizado um bloqueio intraperitoneal com cloridrato de ropivacaína (0,4mg/Kg) diluída em 0,4mL/Kg, na dose de 0,1mL/Kg. Durante todo o procedimento cirúrgico, não houveram intercorrências nem alterações nos parâmetros fisiológicos. Dessa forma, pôde-se observar a eficácia da técnica anestésica utilizada para correção de shunt portossistêmico em um cão apresentando sintomatologia neurológica.

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Publicado

2022-11-10

Como Citar

MENESES, L. M.; RODRIGUES, V. H. V. .; LAMEU, G. R.; FREIRE, A. S. .; PETELINKAR, M. C. .; COSTA, L. V. . L.; FILHO, . D. F. F.; FILHO, F. L. . M. M. .; PASSOS, Y. D. B. . ANESTESIA PARA CORREÇÃO DE SHUNT PORTOSSISTÊMICO COM ANEL DE AMERÓIDE EM CÃO. Ciência Animal, [S. l.], v. 31, n. 2, p. 184–191, 2022. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/cienciaanimal/article/view/9370. Acesso em: 21 maio. 2024.

Edição

Seção

Relato de Caso