MAQUIAVEL E AS COISAS DO MUNDO
O LUGAR DAS PAIXÕES
DOI:
https://doi.org/10.52521/rc.v2i4.13134Palavras-chave:
Maquiavel, Coisas do mundo, Verdade efetiva, Verità Effettuale, PaixõesResumo
Em diferentes textos, Maquiavel faz referência às “coisas do mundo” e à verdade efetiva da coisa (verità effettuale della cosa) desenvolvendo um pensamento político pautado na realidade. Autores relacionam a filosofia realista de Maquiavel não apenas ao seu objeto de estudo, a política, mas à implacabilidade de seu tempo histórico, cujos imprevisíveis acontecimentos forçaram o aparecimento de novas análises e novo modo de pensar. A inexorabilidade da contingência sobre o pensamento do secretário florentino justifica a constatação de que ele coloca a experiência no centro de sua análise, reivindicando uma abordagem metodológica da realidade. O suposto novo método maquiaveliano de análise, no entanto, não abandona os autores Antigos: os exemplos históricos são imprescindíveis no seu pensamento. Como é possível conciliar exemplos históricos da Antiguidade e a experiência do real vivenciado no presente para prever o futuro? Esse texto pretende refletir sobre o que Maquiavel compreende sobre “coisas do mundo” e entender como é possível articular as experiências registradas e apresentadas pelos autores antigos com o método realista de colocar no centro da análise estas coisas do mundo e a experiência do agora, do presente. Mostraremos que as paixões humanas estão no centro da análise maquiaveliana e é o que permite vincular passado, presente e futuro no seu cálculo político.
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