A vida tortuosa de Manoel Vieira Martiniano

“tido e havido por sodomita, usando deste pecado com vários rapazes”

Autores/as

Palabras clave:

Ilhéus, Sodomia, Transgressão Moral, Santo Ofício

Resumen

Por muitos séculos as relações sexuais desviantes – sobretudo a sodomia – foram categorizadas em um lugar de pecado e promiscuidade, levando o seu exequente a estar sob vigilância constante da comunidade onde residia, da Igreja Católica e principalmente da justiça divina, justiça essa que tinha como representação terrena o temido e implacável Tribunal do Santo Ofício português. Neste artigo construímos uma narrativa norteada para a vida sexual, social e religiosa de Manoel Vieira Martiniano, morador de Ilhéus e acusados de cometer o crime de sodomia com uma variedade de rapazes, especialmente com escravizados. Para além das acusações voltadas para o pecado nefando, outros desvios morais e sexuais serão pontuados – mas não com grande ênfase –, pois assim conseguiremos compreender melhor como estes sujeitos lidavam com a linha tênue existente entre o desejo e o pecado e como as mais variadas relações homoeróticas contribuíam para abalar o alicerce moral da sociedade baiana do século XVIII.

Citas

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Publicado

2023-12-08

Cómo citar

OLIVEIRA, G. S. A vida tortuosa de Manoel Vieira Martiniano: “tido e havido por sodomita, usando deste pecado com vários rapazes”. CENTÚRIAS - Revista Eletrônica de História, Limoeiro do Norte, v. 1, n. 3, p. 30–44, 2023. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/centurias/article/view/10465. Acesso em: 21 nov. 2024.