NA INTIMIDADE DA ESCRITA A CONSEQUÊNCIA É O AMOR

LITERATURA CASSANDRIANA ENTRE O EROTISMO, OBSCENIDADE E A PORNOGRAFIA (1970- 2001)

Abstract

Alcançando a marca de 1 milhão de exemplares vendidos na década de 1970, a escritora Cassandra Rios, pseudônimo usado por Odete Rios (1932-2002), foi um sucesso de vendas e de proibições durante a Ditadura Militar brasileira (1964-1985). Abordando a partir de uma escrita simples a presença de amores lésbicos e a reprodução sexual de modo explícito, a mesma, para além de ter boa parte de sua obra apreendida pela censura do regime, recebeu a titulação de escritora “pornográfica” seja pela censura como pela crítica literária. Assim, é de objetivo deste trabalho analisar de que modo a referida escritora buscou um afastamento de sua produção do gênero “pornográfico”. Em outras palavras, analisaremos como Cassandra tentou construir a ideia de que não escrevia pornografia. Para tanto, faremos uso de jornais e revistas onde a literata concedeu entrevistas e trouxe à tona tal discussão. Em nossa análise, compreendemos que, Cassandra procurou construir caminhos para afastar sua obra da pornografia ao se utilizar de um rebaixamento e desqualificação desta categoria, ao mesmo tempo, ela produziu a ideia de que o sexo entre suas personagens se dava porque as mesmas se amavam, suavizando, romantizando e tentando aproximar tal atitude do que é esperado pela figura feminina em nossa sociedade conservadora, onde “sexo”, “mulher”, “prazer” e “vontade” não podem caber na mesma frase.