“Um bom decreto”
o papel das mulheres parisienses a partir da representação de uma imagem durante a Revolução Francesa (1789)
DOI:
https://doi.org/10.52521/rc.v2i5.14522Palavras-chave:
Revolução Francesa, Mulheres, Militantes, Mães, Representações, Imagens, DemocraciaResumo
Este trabalho tem como objetivo analisar a imagem A Democrata- ah, o bom decreto (1790) com o propósito de entender o papel das mulheres parisienses em 1790 durante a Revolução Francesa. O trabalho comporta uma dupla-hipótese: em primeiro lugar, essa imagem serviria como um possível guia de comportamento para as mulheres da época; em segundo, a escolha de usar palavras políticas para caracterizar as personagens ali desenhadas é uma forma de credibilizar ou não a figura e a ideia que ela representa – no caso, democracia. A representação que muitos dos homens com poder político desejavam firmar sobre as mulheres parisienses, durante 1790 a 1792, era a de mãe, esposa e a da casa, ou seja, da vida doméstica, privada. No entanto, mesmo que esse fosse o papel desejado e propagado para as mulheres, elas se apropriaram e usaram as ideias revolucionárias para participar das ações políticas e se tornaram parte da mudança no período. As diversas caracterizações das mulheres durante a Revolução Francesa, sejam elas militantes, mães, esposas, peixeiras, sans-culottes ou tricoteuses, mostravam a diversidade de papeis que elas exerciam, de modo que a maioria delas fazia parte de mais de um perfil. Pela primeira vez, a participação das mulheres foi tão expressiva que o governo francês sentiu a necessidade de discutir o papel da mulher e justificar sistematicamente a exclusão das mulheres do espaço público – a justificativa é uma evidência negativa da importância daquilo que se procurava excluir.
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