“Somos liberais, e não mais escravos”

política indígena e a câmara municipal de Monte – Mor o Novo na Confederação do Equador no Ceará

Resumo

O objetivo deste estudo é analisar a trajetória política das lideranças indígenas de Monte-mor o Novo em 1824 e na Confederação do Equador, levando em conta sua condição ambígua de minoritários na própria vila de índios, focando nos seus interesses e refletindo sobre possíveis projetos para um país em intensa transformação. Apesar da relação histórica de reciprocidade com a monarquia – semelhante à cultura política das demais comunidades indígenas aldeadas do Ceará e de outras províncias –, o que mais importava para os donos originários de Monte-mor o Novo era a garantia de suas prerrogativas e da condição plena de cidadania. A maior parte das fontes dessa história estão em dois conjuntos documentais. O primeiro é a imprensa, com destaque para o Diário do Governo do Ceará, onde será possível refletir sobre a importância da vila de Monte-mor o Novo para o governo provincial rebelde. O segundo é o livro das atas de vereação da câmara municipal da vila, por onde acompanharemos a trajetória de participação política dos indígenas. A produção de textos escritos no âmbito do governo municipal fazia dessas lideranças seus coautores. Ainda que em situação minoritária, convivendo com uma elite branca que os tolerava pelas obrigações da lei, a presença obstinada dos indígenas era repleta de significados que apontam para os projetos em disputa na formação do Estado nacional brasileiro.