Deslocados pela violência armada:

o caso das expulsões residenciais pelas facções criminosas em Fortaleza

Autores

  • Daniela Lima da Rocha Mestra em Planejamento e Políticas Publicas pela Universidade Estadual do Ceará - UECE
  • Maria Glauciria Mota Brasil Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC e Professora do Programa de Pós-Graduação Profissional em Planejamento e Políticas Públicas da Universidade Estadual do Ceará- UECE

DOI:

https://doi.org/10.47455/2675-0090.2024.6.16.15188

Palavras-chave:

facções criminosas, territórios, moradores da periferia, deslocamentos forçados, políticas públicas e violência armada

Resumo

O exercício de minha profissão tem me apresentado casos de pessoas expulsas de suas residências por facções criminosas e esse tipo de violência tem me feito refletir como a vida dos habitantes de comunidades periféricas de Fortaleza tem sido afetada pelo crime em diversos aspectos da condição humana. Observei que a situação das pessoas expulsas ganhou visibilidade em determinados setores da sociedade e junto ao poder público, que vinha recebendo demandas desde 2016, designando-as com a nomenclatura “deslocamentos forçados”. O percurso metodológico faz uso de fontes secundárias, documentos judiciais encontrados em processos criminais recebidos nas cinco varas do Júri da cidade de Fortaleza e na Vara Única de Organização Criminosa do Estado do Ceará, durante o ano de 2018, documentos já analisados, de cujo resultado foi possível perceber que a característica da “territorialidade” encontra-se presente no modo de atuação das facções criminosas na cidade Fortaleza como consta nas denúncias criminais do Ministério Público, recebidas na Justiça no ano de 2018, bem como observar que os homicídios constituem base de dominação e controle da população periférica.

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Publicado

2024-11-04

Como Citar

Rocha, D. L. da, & Brasil , M. G. M. (2024). Deslocados pela violência armada: : o caso das expulsões residenciais pelas facções criminosas em Fortaleza. Inovação & Tecnologia Social, 6(16), 105–119. https://doi.org/10.47455/2675-0090.2024.6.16.15188

Edição

Seção

Artigos