A visão de Heidegger acerca da psicanálise: um equívoco do filósofo?
Palavras-chave:
Freud, Heidegger, Inconsciente, DaseinResumo
Mostraremos que as críticas de Heidegger acerca das teorias freudianas e até mesmo da metodologia psicanalítica, partem de um certo desconhecimento do filósofo de que Freud está lidando com o fenômeno do setting analítico e este se impõe como o elemento fundamental da psicanálise. Freud está adequando seu método ao seu objeto de estudo, que será apreendido dentro do constructo “inconsciente”. O inconsciente é um fenômeno da clínica necessário de ser trabalhado na terapêutica das psicopatologias. Discorremos que o constructo heideggeriano Dasein incorpora uma nova maneira de pensar o homem e seu mundo. O conceito de ser-no-mundo retrabalha a posição do ser humano, consequentemente modificando os conceitos de psique, psicologia e consciência. Isso dará substrato maior ao trabalho importante de Freud de questionar os limites dos conceitos da lógica pura e soberana. Propomos que haverá um encontro de ambos autores que vagam por vias diferentes. Freud questiona a primazia da lógica e suas limitações, ao propor o funcionamento da lógica do inconsciente. Heidegger questiona também essa lógica vigente, chegando a reformular os próprios paradigmas que sustentam o campo da psicologia. Depois de Heidegger, a psicologia não será mais vista com os mesmos olhos. A conclusão aqui apresentada seria que ambos os autores pensam de forma crítica a psique humana e a consciência. Freud parte de seu trabalho clínico, da necessidade de lidar com o fenômeno do inconsciente e de teorizar conceitos e um método para lidar com o mesmo. Heidegger de outro extremo parte para uma reformulação crítica desta psique e consciência, partindo de um trabalho filosófico rigoroso, onde diligentemente debruça-se sobre o pensamento de diversos filósofos. Foco em um ponto: o constructo Dasein.
Referências
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