in Práticas Educativas, Memórias e Oralidades
A percepção de um grupo de alunos sobre o contexto da educação remota
Resumo
A proposta apresenta uma experiência de utilização de ferramentas de pesquisa acadêmica para realizar um estudo sobre a percepção dos alunos em EAD: o que os alunos aprenderam? Será que eles vão aprender? E como você qualifica os aprendizados que está tendo diante do contexto da pandemia? Para solucionar os problemas apresentados, usamos pesquisa quantitativa/qualitativa por meio de formulário eletrônico com um universo representativo de alunos que estão acompanhando as aulas sincronizadamente na instituição pesquisada. Para fundamentar os debates da pesquisa, usamos o pensamento de autores como Amante, Cartonie Costa sobre metodologias de ensino remoto e educação a distância. A partir das respostas, foi possível refletir sobre as dificuldades de acesso que todos enfrentam diante da realidade, e produzir conhecimento científico para debater ensino-aprendizagem, bem como fortalecer a prática, o conhecimento tecnológico, e como alunos e professores estão fazendo uso das habilidades e competências digitais.
Main Text
A percepção de um grupo de alunos sobre o contexto da educação a distância
1 Introdução
Antes de falarmos em aula remota, devemos compreender o contexto da experiência que estamos vivenciando e que essa, não é necessariamente a modalidade de aula virtual proposta pela metodologia (Educação a distância – EAD), A modalidade Ead é composta por um propósito intencional de aula com estrutura e método e público específicos, a nossa realidade se apresenta na verdade como uma saída para minimizar os prejuízos que o tão necessário distanciamento social em tempos de pandemia nos obrigou.
Também compreender que o acesso as tecnologias não garantem o aprendizado, a interação, o sucesso educacional, se ainda a educação não colapsou foi porque um grupo de profissionais da educação não somente fizeram uso de recursos tecnológicos, mas se readaptaram as propostas pedagógicas que assegura a utilização das tecnologias.
Segundo Costa (2016, 30) a educação no Brasil na modalidade EAD veio para “corrigir o fracassado sistemas educacional que não conseguia universalizar e democratizar o ensino”. Contudo, o ensino remoto não alcança as metodologias da modalidade EAD, tão pouco as instituições educacionais públicas, os discentes e docentes estão hábitos a atuar na conjuntura que foram submetidos a súbita surpresa imposta pelo COVID - 19, percebendo que o avanço no sistema educacional ainda não alcançou a dimensão continental do país ou tivemos decisões políticas que oportunizassem a universalidade da educação.
Com esse entendimento é possível caminhar com as outras discussões que se apresentam no sentido de entender como a escola, os professores e principalmente os alunos estão sendo impactados pedagogicamente com o ensino remoto. Desenvolvemos esse estudo com intuito de apresentar um recorte acerca da percepção de um grupo de alunos da EEMTI Josefa Alves Bezerra no município de Jucás, interior do Ceará, sobre o predominante contexto de aulas remotas em que o nosso sistema educacional está inserido.
A educação caminha para as adaptações aos dinâmicos espaços na cibercultura, mesmo com a evidente disparidade de acesso e democratização as políticas públicas de direitos e fruição tecnológicas.
Nessa compreensão cada vez mais os processos educativos ficam dinâmicos e ligados a cultura da comunicação em massa, nem sempre esses recursos eram/são incorporados no processo educacional. O advento da internet, da globalização e da consequente cibercultura apontam para o fenômeno de influência tecnológica no cenário educacional uma vez que escola é parte integrante das mudanças sociais.
Com o avanço da globalização e da entrada da cibercultura nos processos de ensino-aprendizagem novas metodologias e mecanismos de desenho didático foram surgindo e colaborando para a efetivação do conhecimento, Santos (2019, p. 35) aponta para a expansão dessas tecnologias no ensino e que “novos espaços plurais emergiram, bem como manifestações culturais emergiram no ciberespaço extrapolando seus limites tecnológicos, deixando marcas e intervenções nas cidades e nas diversas redes educativas.”
Esses contextos de mudança nem sempre são bem recebidos e precisam ser constantemente retomados ou repensados e quando falamos das mudanças propostas pela influência digital a resistência passa a ser ainda maior. Para as pesquisadoras Amante, Oliveira e Pereira (p. 137, 2017) “Os novos contextos digitais têm vindo a influenciar todas as esferas sociais e também a esfera educativa, apesar de os contextos educativos serem tradicionalmente resistentes à mudança”.
Perceber como os alunos se enxergam e enxergam as metodologias que estão sendo aplicadas na escola, constitui uma relevante ferramenta para reflexão e possível mudança de rota na construção dos métodos de ensino-aprendizagem adotados pela instituição. O estudo pode ainda fomentar discussões acerca da necessidade de adoção de um maior número de metodologias ativas, contribuindo para uma maior percepção da aprendizagem.
A problemática que pretendemos superar com o estudo proposto é a falta de dados que apontem a real percepção dos alunos da instituição sobre como o processo de ensino aprendizagem está chegando até eles, se a instituição está adaptando as metodologias de ensino, se eles consideram a aprendizagem adquirida suficiente para os objetivos educacionais e como está a qualidade do acesso. Diante dessas problemáticas algumas hipóteses poderão ser verificadas, como a possível necessidade de adoção de mais metodologias diversificadas de ensino e da percepção de aprendizagem parcial ou incompleta dos conteúdos.
Para solucionar as discussões propostas objetivamos apresentar um estudo quantitativo qualitativo que apresenta um recorte sobre a percepção dos alunos acerca do contexto das aulas remotas e possa servir ao final como objeto de reflexão e originalizar mudanças no percurso de ensino aprendizagem da instituição.
2. Metodologia
A construção do caminho metodológico para a realização desse estudo e consequente verificação das hipóteses que resolvem a sua problemática se inicia com o levantamento bibliográfico a fim de subsidiar as discussões que foram propostas. O estudo se caracteriza pela união da pesquisa quantitativa e a qualitativa. Segundo Silva e Menezes (2001), a abordagem quantitativa utiliza-se de métodos quantitativos, considerando que tudo pode ser quantificável. Segundo Cartoni (2009), o qualitativo preocupa-se em descrever e identificar a natureza da atividade, sem a utilização dos métodos quantitativos.
Para a coleta dos dados junto ao público-alvo do estudo foi utilizado um questionário estruturado do Google formulário com perguntas que buscaram conhecer como os alunos estão percebendo o acesso e a qualidade das metodologias de ensino adotadas.
A aplicação do questionário objetiva perceber a efetivação do aprendizado dos alunos no contexto do ensino remoto, elencando a gama diversidade dentro da realidade de aulas virtuais. Segundo Lakatos, (2003, p. 158) “A soma do material coletado, aproveitável e adequado variará de acordo com a habilidade do investigador, de sua experiência e capacidade em descobrir indícios ou subsídios importantes para o seu trabalho.” Assim a aplicabilidade dos questionários além de necessários é, importância para a efetivação do trabalho proposto.
O universo investigado é formado por uma amostra dos alunos das turmas de 1º, 2º e 3ª séries da instituição de ensino e que estão participando de forma síncrona das aulas remotas e se dispuseram a responder o questionário no período de 24/11 a 28/11 de 2020 compreendendo um total de 15 alunos.
3. Resultadose Discussões
O processo de análise se inicia com o olhar sobre o universo estudado e a representatividade dos dados nesse cenário. A escola possui atualmente uma média de 90 alunos que têm acesso as aulas de maneira síncrona e a pesquisa pôde conversar com 15 destes constituindo aproximadamente 17% do total de alunos, um percentual de amostragem considerado suficiente para a transposição da realidade. Ao prosseguirmos com a análise da objetivação proposta aos participantes podemos perceber a fragilidade do conhecimento construído pelos alunos de maneira remota, levando em consideração as disparidades sociais, a cultura do estudo e o envolvimento destes durante as aulas remotas.
A primeira pergunta apresentada aos alunos buscou a forma como esses qualificam as aulas que estão sendo ministradas, o enunciado “Como você considera a formação que está recebendo durante as aulas remotas?”, como resposta à pergunta o aluno dispunha de 5 opções que em forma escalar numérica a marcação “muito ruim” estaria equivalente a 0,0 e “muito boa” a 10,0. As respostas estão dispostas no gráfico a seguir e marcam o entendimento que apesar das dificuldades que as aulas remotas oferecem, os alunos reconhecem e valorizam a importância da formação que a instituição oferece.
A pergunta seguinte buscou levantar como os alunos que estão participando de forma síncrona das atividades institucionais, estão lhe dando com as dificuldades de acesso, seja por problemas de técnicos com equipamentos ou de acesso a rede e assim construir o cenário real das adversidades que esses alunos enfrentam para manter a assiduidade e presença nas aulas.
A pergunta “Em alguma ocasião você não pôde participar da aula por problemas técnicos de acesso, internet ou equipamento com mal funcionamento?” teve como resposta a marcação do campo “raramente” por 11 dos 15 alunos e quase 30% “marcaram quase sempre”. Desse cenário é possível analisar que existe um percentual de alunos -dos que estão de forma síncrona- que ainda passam por problemas para conseguir o acesso, mas que mesmo assim participam das atividades.
A pesquisa buscou ainda a percepção dos alunos quanto a diversidade das metodologias que estão sendo aplicadas pelos professores, e em especial as metodologias diversificadas e tecnológicas. O comando da pergunta foi: “Os professores tem utilizado de metodologias adaptadas ás aulas remotas (quiz online, sites com jogos, podcasts ou outras ferramentas tecnológicas para o ensino)?
As respostas chamaram bastante a atenção porque transpuseram a inclinação que os alunos têm a optarem por métodos diferentes de ensino e que buscam a aprendizagem de forma diversificada. Outra análise que surge com o consolidado dos dados é que na percepção dos alunos só em 33,3% das aulas existe a presença frequente dessas metodologias, dado que serve de alerta para professores e instituição da necessidade de incorporar com maior frequência o ensino diversificado.
Questionamostambém os alunos sobre como eles projetavam a formação que estão recebendo nasaulas remotas em suas vidas. O direcionamento da pergunta foi: Você acredita que poderia ingressar numainstituição de ensino superior ou no mercado de trabalho com a formação queestá recebendo durante as aulas remotas? As respostas estão apresentadas nográfico abaixo:
O dado surpreendente no gráfico 03 é o percentual de alunos que mancaram que acreditam que a formação está insuficiente e que necessita de complementação ou que consideram a formação totalmente insuficiente, um acumulado de 73,3% dos alunos entrevistados. Esse dado serve de alerta para a instituição da necessidade de adotar no prosseguimento do ensino, metodologias que diagnostiquem essas dificuldades e promovam um regime de estudo especial a fim de complementar de forma satisfatória o ensino.
A última pergunta constituiu um espaço aberto para os alunos expressarem como eles desejam que os direcionamentos metodológicos das aulas sigam, o comando foi: “Se pudesse fazer alguma sugestão sobre as metodologias de ensino de seus professores durante as aulas remotas o que diria?”. Com o intuito de agregar ainda mais no debate, apresentamos as três sugestões consideradas mais relevantes nesse sentido:
“Aluno 01 - Fazer uma aula mais dinâmica. Ex: aulas com quiz com frequência, pois quando o professor da a sua explicação sobre a matéria e ele passaria um quiz pra dá uma revisão do conteúdo.eu acredito que nós alunos iríamos aprender com mais facilidade.”
“Aluno 02 - Mais atenção para a solução de problemas em relação a erros técnicos. Tipo meu problema, a alguns dias não venho assistindo as aulas,por problemas do meu Google meet já entrei em contato e não foi resolvido.”
“Aluno 03 - Digo que estão indo super bem e que continuem sempre assim, parabéns”
O aluno 01 reforça a necessidade de adoção das metodologias diversificadas e a identificação dos educandos com a gamificação e a proximidade com as ferramentas tecnológicas o que é inerente da geração. O aluno 02 atenta para o enfrentamento dos problemas tecnológicos de acesso, e consequentemente a interferência nos objetivos do ensino-aprendizagem. O aluno 03 reconhece na sua fala o papel do professor, o que direciona ao entendimento de que os alunos também entendem as dificuldades técnicas que classe enfrenta.
4. Consideraçõesfinais
Refletindo sobre a pesquisa, as problemáticas levantadas, e os resultados obtidos a relevância deste artigo soma a escuta do professor para com os alunos, na perspectiva de promover mudanças nos caminhos do ensino-aprendizagem durante o período de aulas remotas. A pesquisa coaduna ainda com a escuta ativa e o debate sobre as tecnologias inseridas nas aulas remotas de maneira a direcionar para a mudança ou inserção de novas metodologias.
Diante do exposto podemos perceber o quão valioso é o processo democrático de escuta dos atores do ensino-aprendizagem para entender o contexto educacional atual e a imersão das tecnologias nas práticas pedagógicas, esse entendimento é fundamental para a tomada de decisão de como ser um bom educador nesses tempos de aulas remotas.
O conhecimento produzido intencionou estudar a realidade das aulas remotas na instituição e surgiu como fruto dos saberes debatidos e adquiridos durante a realização de cursos, formações palestras entre outros, e se concretizou na formação de um coletivo de professores pesquisadores que assinam a pesquisa. Por tudo isso, o estudo se concretiza como forma de promover a discussões acerca da questão educacional na atualidade.
Resumo
Main Text
A percepção de um grupo de alunos sobre o contexto da educação a distância
2. Metodologia
3. Resultadose Discussões
4. Consideraçõesfinais