É possível pensar em identidade cultural?
Palavras-chave:
cotidiano, identidade coletiva, política pública, patrimônio histórico, cidade.Resumo
O artigo desconstrói algumas premissas teóricas que fundamentam a ideia de identidade coletiva. O texto articula a reflexão mais abstrata com experiência de pesquisa empírica na cidade de Sobral, localizada no estado brasileiro do Ceará. Uma parte do núcleo urbano desta cidade foi tombada como patrimônio histórico nacional pelo IPHAN, em 1999, justificado pela necessidade de se preservar a “sobralidade”. O problema que coloco é: como entender o cotidiano como resultado da diversidade de agências e redes de relações internas e externas ao território que abriga a “cultura local” e, ao mesmo tempo, crer em um discurso sobre a homogeneidade dos marcadores da identidade cultural? No caso de Sobral a preservação do patrimônio histórico virou política pública. Como entender a política pública, sem levar em consideração o termo “política”? Essas questões orientam a desconstrução da ideia de unidade cultural presente em algumas reflexões sobre a identidade e a coloca no contexto das disputas políticas no cotidiano.