OCORRÊNCIA DE ACIDENTES COM ABELHAS ENTRE OS APICULTORES DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE

Autores

  • Antônio Ernandes Pereira de ARAÚJO Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Piauí (UFPI)
  • Catiana da Conceição Vieira MELQUÍADES Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal Vale do São Francisco
  • Juliana do Nascimento BENDINI Curso de Licenciatura em Educação do Campo (UFPI)

Palavras-chave:

Apicultura, Segurança do trabalho, Semiárido

Resumo

O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de acidentes com abelhas entre os apicultores da Mesorregião Sudeste do Piauí. Para tanto, foi disponibilizado um formulário on-line através de link compartilhado via WhatsApp. Em relação à adoção de boas práticas para a prevenção de acidentes, observou-se os seguintes pontos positivos: 1) a maioria dos apicultores (63,5%) adota a distância de dois metros ou mais entre as colmeias. 2) Um maior número (94,8%) instala seus apiários acima de 300 metros de distância de vias públicas e/ou estabelecimentos comunitários. 3) 98% utilizam os equipamentos de proteção individuais (EPIs) completos e o fumigador para diminuir a defensividade da colmeia, sendo os EPIs de cores claras. Como ponto negativo, observou-se que 69,8% dos apicultores não sinalizam seus apiários, o que pode ocasionar acidentes com transeuntes. De maneira geral, dentre todos os procedimentos realizados com as abelhas, as ferroadas consistem no tipo de acidente mais comum para 94,2% dos participantes, sendo que, durante a colheita do mel, constitui o procedimento de maior ocorrência. Sobre o agravamento desses acidentes e as comorbidades associadas, observou-se que 1,9% relataram intoxicação e 3,9% necessitaram de atendimento hospitalar devido às ferroadas. Além disso, 6,2% dos entrevistados(as) relataram serem alérgicos. Observou-se, ainda, que 57,3% dos entrevistados desconheciam as técnicas de melhoramento genético como forma de minimizar os acidentes com abelhas. Concluiu-se que, embora os apicultores regionais apresentem conhecimentos técnicos considerados positivos à prevenção dos acidentes, faz-se necessário a implementação de assistência técnica relacionada à seleção de rainhas menos defensivas para o melhoramento genético dos plantéis.

Referências

ALMEIDA, R.A.; OLIVO, T.E.; MENDES, R.P.; BARRAVIERA, S.R.; SOUZA, L.R.; MARTINS, J.G.; HASHIMOTO, M.; FABRIS, M.E.; FERREIRA JUNIOR, R S.; BARRAVIERA, B. Africanized honeybee stings: how to treat them. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v.44, n.6, p.755-761, 2011.

AMORIM, L.H; VIEIRA, F.E.G. A capacitação na ciência da apicultura gerando empreendedores apícolas. O desafio da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. Produções didático-pedagógicas. V. I, Caderno PDE. Versão Online. 2016.

AZEVEDO, R.V; PAIVA, R.B; ADES, F; DAVID, C.M. Síndrome de Envenenamento por 2000 Picadas de Abelhas Africanizadas. Relato de Caso. Revista Brasileira Terapia Intensiva, v.18, n.1, p.99-103, 2006.

BRASIL. Código Civil, Brasília, 2002. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 4 jun 2021.

CAMARGO, R.C.R; PEREIRA, F.M; LOPES, M.T.R. Sistema de Produção. 1ª ed., Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2002. 138p.

CARVALHO, D.M.C.; AMORIM, L.B.; SOUZA, D.C.; COSTA, C.P.M. Apicultura em São Raimundo Nonato, Piauí. Revista verde, v.14, n.1, p.85-91, 2019.

CORREIA-OLIVEIRA, M.E.; NUNES, L.A.; SILVEIRA, T.A.; MARCHINI, L.C., SILVA, J.W.P. Manejo da agressividade de abelhas africanizadas. 1ª ed., Piracicaba: ESALQ, 2012. 38p.

CUNHA, V.P.; SANTOS, R.V.S.G.; RIBEIRO, E.E.A.; MAIA-FILHO, A.L.M; MARQUES, R.B. Perfil epidemiológico de acidentes com animais peçonhentos no Piauí. Revinter, v.12, n.01, p.76-87, 2019.

DE SOUZA, D.A.; GRAMACHO, K.P.; CASTAGNINO, GL.B. Produtividade de mel e comportamento defensivo como índices de melhoramento genético de abelhas africanizadas (Apis mellifera L.). Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.13, n.2, p.550-557, 2012.

DIAS, V.H.P. Influência de cores de EPI’S (calcas e luvas) na defensividade das Abelhas Africanizadas (Apis mellifera L). 2015. 44p. (Dissertação de Mestrado em Ciência Animal). Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, 2015.

ESPÍNDOLA, E.A.; CASSINI, F.L.; KALVELAGE, H.; DELATORRE, S.F.; FUCHS, S.; VIDI, V.; MIGUEL, W. (Org). Curso profissionalizante de apicultura. Florianópolis: EPAGRI, 2002. 136 p. (EPAGRI. Boletim Didático, 45).

FIGHERA, R.A.; SOUZA, T.M.; BARROS, C.S.L. Acidente provocado por picada de abelhas como causa de morte de cães. Ciência Rural, v.37, n.2, p.590-593, 2007.

FONTEQUE, J.H.; MENDES, R.P.; SOUZA, A.F.; GRANELLA, M.C.S.; SCHADE, J.; CASA, M.S.; LONEZA, W.A.; VOLPATO, J. Systemic toxic reaction due to multiple honeybee stings in equine: case report. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.70, n.3, p.767-772, 2018.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Pecuária Municipal 2018; 3ª ed., Rio de Janeiro: IBGE, 2019. 111p.

_______. Divisão regional do Brasil em regiões geográficas imediatas e regiões geográficas intermediárias; Rio de Janeiro: IBGE, 2017. 83p.

LOMELE, R.L; EVANGELISTA, A.; ITO, M.M.; ITO, E.H.; GOMES, S.M.A.; ORSI, R.O. Produtos naturais no comportamento defensivo de Apis mellifera L. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v.32, n.3, p.285-291, 2010.

MARTINEZ, O.A; SOARES, A.E.E. Melhoramento genético na apicultura comercial para produção da própolis. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.13, n.4, p.982-990, 2012.

MARQUES, M.R.V.; ARAÚJO, K.A.M; TAVARES, A.V.; VIEIRA, A.A.; LEITE, R.S. Epidemiology of envenomation by Africanized honeybees in the state of Rio Grande do Norte, Northeastern Brazil. Revista Brasileira Epidemiologia, v.23, e200005, 2020.

MELLO, M.H.S.H.; SILVA, E.A.; NATAL, D. Abelhas africanizadas em área metropolitana do Brasil: abrigos e influências climáticas. Revista Saúde Pública, v.37, n.2, p.237-41, 2003.

NASCIMENTO, F.J.; GURGEL, M.; MARACAJÁ, P.B. Avaliação da agressividade de abelhas africanizadas (Apis mellifera) associada à hora do dia e a temperatura no município de Mossoró/RN. Revista de biologia e ciências da terra, v.5, n.2, p.1-9, 2005.

OLIVEIRA, M.C.C. A cooperativa agrícola na reorganização produtiva do território: a experiência da central de cooperativas apícolas do semiárido brasileiro. Cadernos de Ciências Sociais da UFRPE, v.1, n.12, p.138-155, 2018.

KHAN, A.S.; VIDAL, M.F.; LIMA, P.V.P.S.; BRAINER, M.S.C.P. Perfil da Apicultura no Nordeste Brasileiro. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2014. 246p.

PAULINO, F.D.G.; SOUZA, D.C. Manejo básico de colmeias. In: SOUZA, D.C. (Org.) Apicultura: Manual do Agente de Desenvolvimento Rural, 1ª ed., Brasília: SEBRAE, p.77-81, 2007.

PEREIRA-NETO, J.R. Utilização do geoprocessamento para verificar a existência de áreas de conflito entre apiário. 2005. 40p. (Monografia de Especialização em Geoprocessamento). Universidade de Minas Gerais, 2005.

PITCHON, R.; REIS, A.P.; SILVA, G.C.G.; ZOGHEIB, J.B.; REIS, D.P. Alergia a himenópteros: do ambulatório a urgência. Revista Médica de Minas Gerais, v.24, n.2, p.6-12, 2014.

REIS, V.D.A; PINHEIRO, R.S. Procedimentos de Segurança no desenvolvimento da apicultura com abelhas africanizadas (Apis melífera L.). Corumbá: Embrapa, 2006. 5p. (Circular Técnica 64).

RIBEIRO, P.R.; BIANCHI, M.V.; HENKER, L.C.; GONZALES, F.; PAVARINI, S.P. Acute renal failure in a horse following bee sting toxicity. Ciência Rural, v.50, n.5, e20190940, 2020.

SÁ, F.A; SOUSA, P.H.A.A. Defensividade de abelhas Apis mellifera L. Africanizadas. Revista Científica de Medicina Veterinária, v.16, n.32, p.1-9, 2019.

SABBAG, O.J.; NICODEMO, D. Viabilidade econômica para produção de mel em propriedade familiar. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.41, n.1, p.94-101, 2011.

SANTOS, A.M.M.; MENDES, E.C. Abelha africanizada (Apis mellifera L.) em áreas urbanas no Brasil: necessidade de monitoramento de riscos de acidentes. Revista Sustinere, v.4, n.1, p.117-143, 2016.

SCHAFASCHEK, T.P. Seleção e produção de rainhas de abelhas Apis melífera. Florianópolis: Epagri, 2020. 69p. (Epagri. Boletim Técnico, 190).

SEBRAE. Manual de Segurança e Qualidade para Apicultura. 1ª ed., Brasília: SEBRAE/NA, 2009. 86p.

SILVA, I.A.C. Avaliação do desempenho sustentável da Central Cooperativa Casa APIS. 2020. 77p. (Dissertação de Mestrado em Ciências Contábeis). Universidade Federal do Pernambuco, Recife, 2020.

SILVA, M.G.; NOBREGA, E.P.; GOMES, M.S.; DANTAS, M.C.A.M. Riscos no ambiente de trabalho e tipos de acidentes com apicultores do município de Aparecida, Paraíba. Acta Apícola Brasílica, v.05, n.1, p.21-24, 2017.

SILVEIRA, D.; MARACAJA, P.B.; SILVA, R.A.; SOUSA, R.M.; SOTO-BLANCO, B. Variações diurna e sazonal da defensividade das abelhas africanizadas (Apis mellifera L.). Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.16, n.4, p.925-934, 2015.

SOBREIRA, D.B.; KHAN, A.S.; SOUSA, E.P.; LIMA, P.V.P.S. Nível tecnológico dos apicultores beneficiários do programa de aquisição de alimentos (paa) no Ceará e seus determinantes. Gestão e Regionalidade, v.35, n.103, p.220-244, 2019.

SOUSA, G.S.; ALVES, J.E.; XIMENES-NETO, F.R.G.; BRAGA, P.E.T. Epidemiologia e distribuição espacial de acidentes por abelhas no estado do Ceará, 2003 a 2011. Revista Saúde e Biologia, v.10, n.3, p.75-86, 2015.

SOUSA, J.M.S. Toxicose por picada de abelhas em cão. Pubvet, v.12, n.3, p.1-3, 2018.

SOUZA, D.C. Apicultura: Manual do Agente de Desenvolvimento Rural, Brasília: SEBRAE, 2007. 186p.

VELOSO-FILHO, F.A.; SOUZA, D.C.; SILVA, F.R.; CARVALHO, F.P.A. A importância da cooperação produtiva nos arranjos produtivos do mel piauiense: caso Simplício Mendes. Informe econômico, v.12, n.28, p.33-39, 2012.

Downloads

Publicado

2022-12-25

Como Citar

ARAÚJO, A. E. P. de; MELQUÍADES, C. da C. . V.; BENDINI, J. do N. OCORRÊNCIA DE ACIDENTES COM ABELHAS ENTRE OS APICULTORES DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE. Ciência Animal, [S. l.], v. 32, n. 4, p. 37–48, 2022. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/cienciaanimal/article/view/9951. Acesso em: 21 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos Originais