TERAPIA OTOLÓGICA INDUZ IMUNOTOXICIDADE EM CÃO

Autores

  • Tiago Cunha FERREIRA Faculdade de Veterinária (FAVET), Universidade Estadual do Ceará (UECE)
  • Társsila Mara Vieira FERREIRA Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV / UECE)
  • Breno Queiroz PINHEIRO Faculdade de Veterinária (FAVET), Universidade Estadual do Ceará (UECE)
  • Juliana Furtado Lima VERDE Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV / UECE)
  • José Alexandre da Silva JÚNIOR Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV / UECE)
  • Diana Celia Sousa NUNES-PINHEIRO Faculdade de Veterinária (FAVET), Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Palavras-chave:

Farmacodermia, Otite externa, Dermatologia canina

Resumo

As farmacodermias podem ser definidas como reações adversas em pele, mucosas e anexos, tendo, por vezes, caráter imunomediado. O diagnóstico baseia-se na avaliação clínico-laboratorial do paciente, envolvendo uma pesquisa acerca de fatores relacionados ao uso do fármaco e seus efeitos adversos. Na medicina veterinária, são escassos os relatos de reações farmacodérmicas. Logo, o objetivo do presente trabalho é relatar uma reação adversa após terapia otológica em cão. Foi atendido um paciente canino, fêmea, 02 anos de idade, com histórico de prurido auricular bilateral com evolução de três semanas. Na ocasião, foi realizado exame citológico auricular, evidenciando presença de elevada quantidade de células leveduriformes e cocos, além de células descamativas. Optou-se, então, por terapia à base de solução otológica composta por Gentamicina, Clotrimazol, Betametasona e Benzocaína. O quadro clínico evoluiu de forma satisfatória até o décimo dia de tratamento, quando a paciente apresentou intenso eritema e secreção melicérica bilateralmente. Repetiu-se o exame citológico, assim como realizou-se cultura de bactérias aeróbicas, sendo evidenciado em tais exames um infiltrado inflamatório piogranulomatoso, com pouca presença de conteúdo bacteriano e fúngico, corroborando com os achados da cultura bacteriana. Diante da suspeita de farmacodermia, procedeu-se com a troca de todos os compostos terapêuticos, tendo a paciente evoluído de forma satisfatória até o término do tratamento. Por tratar-se ainda de uma solução otológica composta, não se pode atribuir a causa da reação a especificamente um dos compostos. Contudo, reforça-se a necessidade de conscientização do médico veterinário acerca da identificação e adequada intervenção nas reações adversas medicamentosas, assim como espera-se sua contribuição científica na difusão dessas informações.

Referências

ALEIXO, G.A.S.; COELHO, M.C.O.C.; ANDRADE, L.S.S.; LACERDA, M.A.S.; MOTA, A.K.R.; MAIA, F.C.L.; GUERRA, N.S.; OLIVEIRA, L.K.R.B.; SILVA, C.E.S. Farmacodermia em um cão após administração de antibióticos do grupo betalactâmico: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.62, n.6, p.1526-1529, 2010.

CEREZA, G.; AGUSTÍ, A.; PEDRO, S. C.; VALLANO, A.; AGUILERA, C.; DANES, I.; VIDAL, X.; ARNAU, J.M. Effect of an intervention on the features of adverse drug reactions spontaneously reported in a hospital. European Journal of Clinical Pharmacology, v.66, p.937–945, 2010.

JULIAN, G.C.; OLIVEIRA, R.W.; MINOWA, E.; CECILIO, L.; BARROS, L.H.C. Pharmacovigilance knowledge in Brazil: perception of participants of oncology patient advocacy group on adverse events reporting. Brazilian Journal of Oncology, v.14, p.1-11, 2018.

KAPLAN, D. H.; IGYART O, B. Z.; GASPARI, A. A. Early im- mune events in the induction of allergic contact dermatitis. Nature Reviews Immunology, v.12, p.114–124, 2012.

LARSSON, C.E. Drug eruption (DE). In: 27 WSAVA 2002, Granada. Disponível em:http://www.vin.com/proceedings/Proceedings.plx?CID=WSAVA2002&PID=2551/. Acessado em: 19 de dezembro 2018.

LARSSON, C.E.; LUCAS, R. Tratado de medicina externa: dermatologia veterinária. 1a ed. São Paulo: Interbook, 2016. 853p.

LOBO, M.G.; PINHEIRO, S.M.; CASTRO, J.G.; MOMENTE, V.G.; Pranchevicius, M.C. Adverse drug reaction monitoring: support for pharmacovigilance at a tertiary care hospital in Northern Brazil. BMC Pharmacology and Toxicology, n.14, p.5, 2013.

MILLARD, T.P.; ORTON, D.I. Changing patterns of contact allergy in chronic inflammatory ear disease. Contact Dermatitis, v.50, p.83-86, 2004.

NARANJO, C.A.; BUSTO, U.; SELLERS, E.M.; SANDOR, P.; RUIZ, I.; ROBERTS, E.A.; JANECEK, E.; DOMECG, C.; GREENBLATT, D.J. A method for estimating the probability of adverse drug reactions. Clinical Pharmacology, v.30, p.239–245, 1981.

NAYAK, S.; ACHARJYA, B. Adverse cutaneous drug reaction. Indian Journal of Dermatology, v.53, p.2-8, 2008.

ONDER, M.; ONDER T.; OZUNLU, A.; MAKKI, S.S.; GURER, M.A. An investigation of contact dermatitis in patients with chronic otitis externa. Contact Dermatitis, v.31, p.116-117, 1994.

PALLARDY, M.; BECHARA, R. Chemical or Drug Hypersensitivity: is the immune system clearing the danger? Toxicological Sciences, n.158, p.14-22, 2017.

SCHNYDER, B.; BROCKOW, K. Pathogenesis of drug allergy – current concepts and recent insights. Clinical and Experimental Allergy, v.45, p.1376-1383, 2015.

SILVA, L.M.; ROSELINO, A.M.F. Reações de hipersensibilidade a drogas (farmacodermia). Revista Medicina, v.36, p.460-471, 2003.

SRIRAM, S.; GHASEMI, A..; RAMASAMY, R.; DEVI, M.; BALASUBRAMANIAN, R.; RAVI, T.K.; SABZGHABHAEE, A.M. Prevalence of adverse drug reactions at a private tertiary care hospital in south India. Journal of Research in Medical Sciences, v.16, p.16–25, 2011.

VISACRI, M.B.; SOUZA, C.M.; SATO, C.M.S.; GRANJA, S.; MARIALVA, M.; MAZZOLA, P.G.; MORIEL, P. Adverse drug reactions and quality deviations monitored by spontaneous reports. Saudi Pharmaceutical Journal, v.23, p.130-137, 2015.

VOIE, K.L.; CAMPBELL, K.L.; LAVERGNE, S.N. Drug hypersensitivity reactions targeting the skin in dogs and cats. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.26, p.863–874, 2012.

VOLGER, O.L. Omics-based testing for direct immunotoxicity. Toxicogenomics-Based Cellular Models, 1a ed., Amsterdã:Elsevier, 2014, 362p.

Downloads

Publicado

2023-01-27

Como Citar

FERREIRA, T. C.; FERREIRA, T. M. V.; PINHEIRO, B. Q.; VERDE, J. F. L.; JÚNIOR, J. A. da . S.; NUNES-PINHEIRO, D. C. S. TERAPIA OTOLÓGICA INDUZ IMUNOTOXICIDADE EM CÃO. Ciência Animal, [S. l.], v. 29, n. 3, p. 155–162, 2023. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/cienciaanimal/article/view/10088. Acesso em: 21 maio. 2024.

Edição

Seção

Relato de Caso